Os Novos Guerreiros nunca pertenceram
ao primeiro escalão dos heróis Marvel, mas ao participarem de um Reallity Show
com consequências desastrosas, acabaram desencadeando uma onda de eventos que
culminaram na criação da lei de registro para heróis mascarados, obrigando
todos os vigilantes fantasiados a se apresentar para o governo, revelando suas
identidades secretas e se colocando a serviço da Shield. Encabeçada por Tony
Stark, Reed Richards e Hank Pym, respectivamente o Homem de Ferro, Senhor
Fantástico e Homem Formiga (ou seja qual a identidade dele nessa semana), a lei
de registro tinha a melhor das intenções, mas de boas intenções, o inferno está
cheio.
Liderados pelo Capitão América,
esses heróis se uniram contra o que eles consideraram uma lei opressora,
e bateram de frente com a equipe liderada pelo Homem de Ferro.
Assim começou a Guerra Civil.
Mark Millar é um roteirista que
dispensa apresentações aos fãs de quadrinhos. Com diálogos ácidos e histórias
inovadoras e muito estruturadas, já fez sua fama no ramo. Ele provou sua
competência em redigir enredos para super equipes, vide seus trabalhos em The
Authority da DC/Wildstorm, e no universo ultimate da Marvel com seus “Supremos”
e a versão ultimate dos X-Men por exemplo, com esse estilo de heróis mais
“realistas”, dentro dos limites de um gibi de super-heróis, obviamente.
Embora envolva todos os personagens
fantasiados da Marvel, a Guerra Civil é essencialmente uma história dos
Vingadores. Ácida e inovadora sim, apesar da ser possível reconhecer ali alguns
elementos já utilizados antes na própria Marvel, envolvendo o registro de
mutantes nas HQs dos X-Men, ou mesmo na concorrência, na aclamada obra de Alan
Moore, Watchmen, que também tratou de uma lei governamental, mas em vez de
recrutar, proibindo a ação dos vigilantes mascarados. Tendo isso em mente,
Guerra Civil ainda surpreende, principalmente pelo teor radical mostrado em suas
páginas… diferente de uma aventura normal dos Vingadores (ou qualquer outro
gibi de super-heróis) onde prédios ou quarteirões inteiros são colocados à
baixo para que o vilão seja preso, exceto por raras ocasiões, desta vez nos
ficamos depois que a poeira baixa e vemos as consequências dos atos desses
seres superpoderosos… é quando dá para se perguntar se esses indivíduos
realmente existissem, seria possível dormir tranquilo confiando em seu heroísmo
ou seria mais sensato ou até mesmo óbvio que eles fossem agentes registrados e
seus rostos fossem conhecidos pelo público a fim de transmitir segurança… por
outro lado, seria justo obrigar alguém que doou sua vida numa cruzada de
altruísmo, abrindo mão de uma vida pacata e se sacrificando diariamente pelo
bem estar de estranhos, que se submetesse contra a vontade aos desmandos de um
governo ou agência federal que, embora tecnicamente seja benigna, estivesse
prestes a se tornar poderosa como nenhuma outra, sem qualquer precedente, e
portanto totalmente suscetível a corrupção?
Algo que pode ter desapontado os
leitores nessa história é a caracterização dos personagens. Um desafio e tanto,
considerando que era preciso colocar pessoas do mesmo time jogando umas contra
as outras. Uma boa alternativa usada pelo autor é o fato de que alguns deles
trocaram de lado durante a saga, como acontece na vida real, reconsiderando
seus atos e mudando de ideia… enfim, algo próximo da psicologia humana. Se isso
faz com ele acerte nas caracterizações, deixo aos leitores decidirem, até
porque outro mérito dessa história é fazer os fãs se posicionarem… não existem
“vilões” e “mocinhos”… apenas pontos de vista diferentes, pelos quais seus
defensores lutarão com todas as forças.
A arte de Steve McNiven acrescenta
vivacidade ao texto de Millar, um texto que devo mencionar, tem toda a minha
admiração por se esforçar continuamente a colocar palavras que são ditas no dia
a dia rotineiro da vida real na boca de pessoas usando fantasias coloridas
detentoras de super-poderes e que os usam para lutar entre si na maior parte do
tempo.
Os quadrinhos são uma arte em
constante evolução. Eu não sei se a saga Guerra Civil em si representa a
tendência que se seguiu e continua se adaptando aos novos tempos, mas
certamente existe nela algo de embrionário, que a concede jovialidade
permitindo que seja lida hoje fora de qualquer contexto de modo atemporal.
E no final, como em toda guerra,
existe o lado vencedor e lado perdedor. Mas quem realmente é vitorioso depois
de toda a morte e destruição causada? Os fins justificam os meios?
Talvez a mais relevante observação a
ser feita sobre a Guerra Civil, é de que ela é finalizada com um desfecho claro
sobre quem ganhou, mas não sobre quem está certo.
É uma história de questionamentos,
sobre os quais se deve ponderar e decidir qual a melhor resposta.
Como na vida real.
Por Rodrigo Garrit
Fonte: O Santuário
2 Comentários
eu gostei que o Capitão enfiou o escudo na cara do Stark de Ferro!tenho que ler mesmo essa Guerra Civil!! achei o Homem-Aranha parecido com o ator do filme do Aranhoso, Garfield!! o negócio do Aranha tirar a máscara não teve consequências pra ele?! Marcos Punch.
ResponderExcluirAgora que você mencionou, fui dar uma observada e não é que ficou parecido com o Garfield mesmo!!
ExcluirTirar a máscara teve todas as consequências para o aracnídeo, e a pior foi o reboot do Mefisto naquela história lamentável, Um Dia a Mais.