Homem-Formiga. Falando assim parece
até uma piada. Uma sátira de super-herói. Para os que não acham graça, parece
até uma “cópia” descarada de outro homem-inseto, o Homem-Aranha. Mas a verdade
é que o Homem-Formiga, também super-herói da Marvel Comics, tem grande
importância naquele universo de personagens. Importância histórica e
cronológica inclusive!
Hoje o gênero super-herói é
conhecido e distinto dentro da indústria de quadrinhos, sendo a editora Marvel
uma das maiores e mais famosas do mundo no segmento. A verdade, no entanto, é
que cada um de seus personagens surgiu timidamente, pouco demonstrando a
intenção de se adequar ao gênero. Homem de Ferro, Homem Aranha, Thor, Doutor
Estranho… e tantos outros… surgiram em histórias que mostravam trágicos
destinos de personagens que se deparavam em situações fantásticas, algo mais
comum em histórias de terror, ficção científica e suspense.
Até mesmo o
Quarteto Fantástico, um grupo formado por quatro heróis, apareceu pela primeira
vez em clima de ficção científica, longe da intenção de serem combatentes do
crime ou defensores dos oprimidos. Nem mesmo uniformes coloridos eles tinham. O
Homem-Aranha, esse sim com um uniforme chamativo e colorido, usava-o como mero
adereço para contar a dramática história do jovem que ganhou poderes
fantásticos e aprendeu da pior forma a ter responsabilidade.
Se os heróis anteriores da Marvel
surgiram em histórias que pouco lembrava o clima dos super-poderosos em
uniformes coloridos, o Homem-Formiga, com certeza, é a prova mais gritante
desse fenômeno. A revista Tales To Astonish publicava coletâneas de histórias
de ficção e suspense, lembrando em muito as curtas histórias do seriado Além da
Imaginação.
E foi em uma
dessas histórias, publicada no número 27 daquela revista, escrita por Stan Lee
e desenhada por Jack Kirby, que conhecemos o jovem cientista Hank Pym. Seu
nome, nessa ocasião, nem tem tanta relevância histórica, uma vez que o foco da
ação é a fantástica criação que ele apresenta: um soro capaz de reduzir
qualquer coisa a tamanhos minúsculos (acompanhado pelo antídoto, que restaura
tudo a seu tamanho normal). Faltava a Pym testar tal descoberta em um ser vivo.
Ridicularizado pela comunidade científica, decide lançar-se como primeira
cobaia.
Solitariamente, Pym usa o soro de
sua criação e diminui de tamanho até o proporcional a um pequeno inseto.
Chocado com o resultado, porém lúcido e fisicamente inteiro, sai em disparada
em direção o próprio quintal que, de seu diminuto ponto de vista, agora se
parece com uma enorme selva. De cara, vê a ameaça de uma formiga, que agora
aparenta ser gigantesca, seguindo em sua direção.
Tão
impensado quanto correr em direção ao quintal, o cientista decide esconder-se
em galerias de um formigueiro. Obviamente, a ideia, que de brilhante nada
tinha, transforma-se em um pesadelo para Pym. Ele é obrigado a fugir de
formigas que o vêem como ameaça e se embrenha perigosamente formigueiro
adentro. Como se a história já não parecesse bizarra o suficiente, ainda há
detalhes estranhos como a cena em que o cientista derrota uma formiga com
golpes de judô e uma formiga que, estranhamente, decide ajudá-lo em momentos de
perigo, levando-o, inclusive para a segurança de seu laboratório e para o
soro-antídoto que restaura seu tamanho.
A moral da história, comum em contos de
ficção desse tipo (apesar do raro fato de não terminar tragicamente), é que
devemos nos preocupar com a vida como um todo. Pym pensa sobre isso e sobre o
fato daquela formiga, uma entre tantas que ignoraríamos em nossas rotinas
diárias, ter compaixão e se importar com alguém que não é de sua espécie.
Por
Marcos Dark
Fonte:
Impulso HQ
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