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Planeta Resenha DC - Homem Animal – Espécie Anormal! (Mas não somos todos?)

A grande saga do Homem Animal e do Monstro do Pântano chegou ao fim quando as forças da Podridão recuaram e foram banidas para as próprias entranhas de seu mundo apodrecido. O Verde e o Vermelho voltaram a sua trégua milenar, restabelecendo o equilíbrio da vida… pelo menos até que um descubra uma forma de sobrepor o outro. Buddy Baker e Alec Holand viram o inferno, foram até o limite de onde a Podridão fez sua morada e retornaram para escrever uma nova história.

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Mas é claro que toda guerra tem suas baixas. Não é segredo para ninguém que ao fim do arco anterior, Baker sofreu o pior dos golpes, uma vez que seu filho Cliff foi assassinado por Willian Arcane, irmão de Abgail, a avatar da Podridão que abandonou sua vocação por amor ao Monstro do Pântano.
A morte de Cliff obviamente não deixou de ter pesadas consequências sobre a família Baker. Ellen, a esposa de Buddy decidiu se separar, levando Maxine, a filha do casal, para morar com ela.
Maxine Baker… a rainha absoluta do Vermelho… uma criança com poderes além da compreensão que passa a trilhar secretamente um caminho por um mundo perigoso com a ajuda do Pastor, um guardião do Vermelho e Sr. Meias, seu gato falante… juntos eles partem numa jornada para trazer seu falecido irmão de volta à vida… mas a menina ainda tem muitas duras lições a aprender, e a principal delas é que a crueldade de seus inimigos não conhece limites.
Enquanto isso… Buddy Baker, o Homem Animal… não passa de um reles capacho dos Totens do Vermelho, diminuído pelo Parlamento da Carne e ridicularizado por eles, que o consideram uma mero peão diante de eventos muitos mais importantes se desenrolando em um contexto mais amplo… “vá brincar de super herói… e só volte a nossa presença quando solicitado”, eles disseram.
Será que Buddy será sempre relegado a esse baixo nível de importância na visão deles, ou ainda conseguirá provar o seu valor? Veremos…
Sempre é muito legal ver essas “excursões” de Buddy e Maxine ao Reino Vermelho, um lugar surreal feito de ossos, carne e sangue…
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Em meio a todo o caos pelo que passou recentemente, toda a perda e todos os desenganos, Buddy ainda tem que lidar com um fato mais do que inesperado em sua vida: ele foi indicado ao Oscar de melhor ator pelo filme “Fantasias”, no qual interpreta um herói decadente passando por tragédias não muito diferentes da sua própria, numa genial transposição de metalinguagem utilizada por Jeff Lemire para a história. E como não poderia deixar de ser, um novo grupo terrorista surge promovendo um verdadeiro massacre animal… na verdade eles estão mais para uma seita que ambiciona entrar em comunhão com o Vermelho, utilizando os métodos mais sangrentos possíveis, e contando com a ajuda de um antigo vilão que ressurge dentro de um novo contexto em que faz todo o sentido que ele exista.
“Homem Animal” é uma leitura divertida e inteligente, abaixo de obras voltadas para o público adulto “maduro”, mas acima (muito acima) da média das rasas histórias de super heróis publicadas atualmente por todas as editoras do ramo. Jeff Lemire é um autor de qualidade, principalmente porque, apesar dele estar trabalhando numa história de super heróis, ele não as escreve dessa forma… vemos que ele realmente se preocupa em contar uma história e aprofundar os personagens. É algo similar ao que Grant Morrison fez quando assumiu o mesmo Homem Animal anos atrás, revitalizando o personagem. Similar, mas não uma cópia. Lemire tem seu próprio estilo e embora não tenha as tendências “psico-linguísticas-transcendentais” de Morrison, sabe como prender a atenção do leitor do jeito certo, sem os velhos clichês de explosões e lutas intermináveis e sem sentido. Uma ótima leitura recomendada a todos que apreciam uma boa história em quadrinhos e aos que simpatizam com a causa animal. Um gibi “do bem”, apesar das bizarrices e momentos escatológicos… é uma revista para quem ama os animais, mas não esqueçam que também é onde uma menina de quatro anos percorre um rio de sangue numa dimensão oculta buscando ressuscitar seu irmão morto…
Os artistas da série foram escolhidos a dedo… com traços fortes, repletos de realismo e emoção estampada na face dos personagens, ao mesmo tempo em que nos assombram com as criaturas retorcidas que poderiam muito bem ter escapado por uma brecha do inferno…
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Steve Pugh está em melhor forma do que nunca, com traços mais limpos, mas não menos aterrorizantes. Já Travel Foreman é mais estilizado, mas como “estilizado” imagine que ele faria cartoons proibidos para menores de 18 anos. Já John Paul Leon que faz as sequencias do filme “Fantasias” estrelado por Buddy Baker segue a risca seus contornos mais próximos da realidade e propositalmente cinematográficos. Belas imagens.
Se um dia essas histórias vão cair no marasmo e me fazer perder o interesse eu não sei. Mas falando de todo o histórico do personagem até o presente momento… posso dizer que sou fã do Homem Animal e da causa que ele representa.
E assim espero continuar pelo tempo que for possível.
Por Rodrigo Garrit

Fonte: O Santuário

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