A birra
entre Len Wein e Alan Moore, que ocorre desde a época
de Monstro do Pântano ganha novos capítulos na parte que
cabia a Wein em Before Watchmen. A escolha não foi
por acaso, pois este título era o que tinha maior potencial para polêmica e
para espinafração e dor de cabeça ao escritor barbudo, claro, se ela ainda se
importasse com os tais “guaxinins que mexem no seu lixo”. Este volume tem a
arte do excelente Jae Lee.
Após isto,
começa a peregrinação do herói, a busca de repetir os passos de Alexandre
o Grande, inclusive mostrando uma cena em que ele dorme com uma
mulher, a fim de afastar qualquer referência a sua suposta homossexualidade, e
além de salvá-lo desta “condição”, tornou-se o catalisador para ele se tornar
um herói mascarado, na busca por desvendar os motivos de sua morte. Apesar da
história um tanto pobre, o lápis de Lee é absurdamente bom e dá a trama um ar
de história pulp fantástico, que até a faz se diferenciar do resto dos volumes.
Também é
mostrado o início da rivalidade entre Veidt e o Comediante, graças a
investigação de discípulo de Ramses atrás do paradeiro do Justiceiro
Encapuzado. Logo até o protagonismo da história é deixado de lado, pois Wein se
preocupa mais em recontar os eventos da obra original do que tentar contar uma
história minimamente original, até o preenchimento das lacunas vagas – coisa
que ele prometeu “corrigir” – não é feita de modo minimamente satisfatório.
O herói decide exercer o poder semelhante ao do Grande
Irmão, do romance de George Orwell, monitorando os
principais atos da humanidade, praticando a vigia aos vigilantes. É vendo o
Doutor Manhattan que ele se lança em outra nova aventura. A partir do ingresso
do “Super-Homem” neste universo, tudo mudou, até as tomadas que incluem
discursos políticos têm o mesmo tom azulado, como a pele do indestrutível
personagem. Até se levanta uma possibilidade que poderia ser interessante,
ligando o uso do azulão como arma por JFK, apontando este como um motivo
para sua morte, mas a forma como foi conduzida, a coisa foi demasiada
pretensiosa e muito incongruente.
A mão de Len
Wein é pesada ao
mostrar as questões polemizantes da revista, é quase tão sutil quanto Zack
Snyder, dado a falta de traquejo em conduzir a rivalidade
Comediante x Ozymandias. Ao menos, os desenhos de Lee são ótimos, especialmente
quando mostram as ações de Manhattan no Vietnã, dilacerando os inimigos dos
americanos.
A conclusão
da biografia em áudio de Veidt mostra os momentos imediatamente anteriores a
saga principal, obviamente explicitando a construção do plano sobre a “invasão”
que seria realizada em Nova Iorque. A superioridade do intelectual é
demonstrada visualmente, com ângulos que o engrandecem e o põem em perspectivas
de maior tamanho que os seus iguais. O recrutamento dos participantes da teoria
da conspiração a respeito da polêmica ao herói atômico é dos mais óbvios e
completamente desnecessário. O grande problema da história certamente é a
necessidade de Len Wein procurar pelo em ovo ao invés de
tentar contar uma nova história num mundo já conhecido. Em alguns momentos, a
HQ até parece um remake, mas dos piores já feitos, sem dúvida. A vontade de ser
“mais real que o rei” e o revanchismo são os maiores pecados desta obra.
Por Filipe Pereira
Fonte: Vortex Cultural
2 Comentários
o desenho do Wein é muito bom mesmo! já li (online) a revista com a história do Rorschach e do Coruja! vou ler de novo, e ler essa do Ozzy pra ver se ele flutua e "solta suas plumas"!! Marcos Punch.
ResponderExcluirO que você achou do Coruja? A do Rorschach eu li, mas não gostei. Esse do Ozymandias eu também não li. Na verdade, só li o Rorschach e Espectral, mas acabei não gostando dos dois, então eu parei.
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