Quando a DC começou a deixar que os autores
da série “Batman Eternal” explicassem a dinâmica de produção da obra, pouco antes do
início de sua publicação, ficou claro que o escritor novato Ray Fawkes seria responsável por explorar o lado
místico deste universo. Fazia sentido. Fawkes tem experiência com isso, como as
revistas “Trinity of Sin: Pandora” e “Constantine“, feitas por ele, podem confirmar. No entanto, fazia um bom
tempo que o autor tinha mostrado um pouco do que exploraria no bat-universo
quando enviou Jim Corrigan e Batwing para investigar eventos paranormais dentro do
Asilo Arkham. Como isso foi deixado de lado há muito tempo, “Batman Eternal #15” tratou de se dedicar quase toda somente a isso.
Roteiro: SCOTT SNYDER, JAMES TYNION IV, JOHN LAYMAN, RAY FAWKES e TIM SEELEY
Arte: DUSTIN NGUYEN
Arte-Final: DEREK FRIDOLFS
Cores: JOHN JALISZ
Capa: DUSTIN NGUYEN
Fawkes usa o
velho clichê de mostrar heróis sozinhos numa casa de terror, desafio e
desconhecido enquanto outros heróis continuam suas missões normalmente fora
daquele ambiente quase inerte no tempo. E o clichê funciona. Acompanhar este
capítulo da saga ao lado de Batwing e Corrigan é extremamente intrigante e
mostra, finalmente, um lado místico confinado num lugar secular que faz
funcionar este conceito aplicado dentro de um universo “realista” como o do
Batman. Ao conectar velhos personagens como o Espantalho a práticas ocultas aparentemente
propostas pelo novo personagem Mister Bygone, Fawkes prova que um
certo Doug Moench estava certo ao fazer coisas semelhantes com o Batman nos
anos 1990: o misticismo e o ocultismo têm tudo a ver com a simbologia do
Morcego e de seu universo também macabro e sepulcral.
O mais interessante de testemunhar os acontecimentos do Asilo
Arkham é voltar a
notar como Batwing é um personagem interessante. Mesmo que ele precise de Jim
Corrigan na narrativa pelo bem da dinâmica da história, o jovem herói tem
potencial para integrar a linha de frente do Homem-Morcego e merecerá
participar mais de suas histórias no futuro, mesmo não tendo mais uma revista
mensal dedicada somente a ele. Já Corrigan está mais jovem aqui do que em
outras interações suas anteriores ao reboot, mas continua se comportando como
um personagem forte e guardião de um poder maior que a vida. Não deve demorar
para ele explodir no Espectro dentro do Arkham. Aliás, falando em Arkham, o
atual estado de depredação e abandono da casa de loucos mais famosa dos
quadrinhos indica que tipo de coisas os fãs poderão ver na vindoura revista
mensal “Arkham Manor“.
Está claro que o prédio virá abaixo em breve, graças a forças ocultas além da
imaginação.
Fawkes ainda
pega um pouco do tempo de revista para mostrar outros acontecimentos
importantes para a trama divididos em três parcerias: Robin
Vermelho e Harper Row (com
uma máscara versão beta que muito se parece com a do Bandoleiro) tentando
descobrir de onde vem o monstro de nano-robôs que possui e destrói a periferia
de Gotham; Batman e o Tenente Bard derrubando forças
criminosas na cidade; Batgirl, Capuz Vermelho e Batwoman se unindo no Brasil para descobrir
quem incriminou o Comissário Gordon no começo da série. Vale ressaltar que a
retratação do país feita por Fawkes e pelo aclamado desenhista Dustin Nguyen,
ainda que breve, é mais próxima do aceitável numa ficção do que Tim Seeley fez
anteriormente na série. Ponto positivo para os criadores.
O saldo da
edição é positivo. Ainda que Fawkes não seja tão bom escritor – pelo menos por
enquanto – quanto John Layman e James Tynion IV, sua escrita é eficaz
e empolga. Sua competência deve se mostrar ainda maior com o passar das
edições, mas, por enquanto, dá pra dizer que ele começou bem. Sobre a arte, a
longínqua parceria de Nguyen com Derek Fridolfs mais uma vez se prova um trunfo
incondicional para o universo do Batman. Tomara que eles continuem juntos por
mais tempo.
Por Morcelli
Fonte: Terra Zero
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