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Planeta Resenha DC: Vilania Eterna #1

Após coloca-las de lado por algum tempo, a DC Comics volta a investir em megassagas e mais uma vez coloca a frente do projeto o roteirista Geoff Johns, numa tentativa de repetir os sucessos (de vendas) anteriores. A história – continuação direta da saga “Guerra da Trindade” – retrata uma invasão de vilões superpoderosos de outra dimensão ao universo habitual da DC. Estes invasores são em realidade uma versão maligna da Liga da Justiça, conhecida como o “Sindicato do Crime”, criados originalmente por Gardner Fox em Justice League of America v1 # 29.

Vilania Eterna 1

O maior problema deste primeiro número é que ele promete muito mais do que consegue cumprir. Quem acompanha o trabalho do Johns sabe que o autor explora muito bem os vilões (como o Sinestro, a Galeria de Vilões, o Adão Negro, etc.), por vezes dando mais destaque para eles do que aos heróis usuais. Neste sentido,
 Vilania Eterna seria uma chance e tanto do autor mostrar o que sabe fazer de melhor e explorar a relatividade aparente dos conceitos de “Bem” e “Mal”. Contudo, a primeira edição de Vilania Eterna segue, na prática, a mesma fórmula utilizada por Johns em suas outras megassagas, ou seja, uma sucessão de cenas de impacto, dentro de um enredo simples, tendo como base um conceito clássico. 

Apesar dos slogans, esta primeira edição não conseguiu me passar a impressão de que o “MAL” realmente venceu. A abordagem dos novos (e velhos) vilões é extremamente rasa, não transmitindo nenhuma das sensações esperadas, como medo, tensão, terror, etc. Temos apenas o reflexo superficial da maldade, do “Mal” com “M” maiúsculo. A reunião do Sindicato com os Vilões do UDC chega a ser cômica. Primeiro pela quantidade absurda de figuras fantasiadas, coloridas e debochadas, e também pelo fato da própria situação ser demasiadamente forçada. Se alguém realmente perverso quisesse dominar o planeta teria colocado em frente às câmeras de TV o Barack Obama, o Papa, ou qualquer outra personalidade de caráter internacional. Sendo menos audacioso, eu até aceitaria ver ali o Superman ou o Batman como mártires, mas nunca um “Robin”.
 

Outro ponto fraco da primeira edição é o fato dela ser autocontida. Não há referências, analogias, metáforas ou algo do gênero, o que era de se esperar numa história sobre “o fim do mundo”. A narrativa é muito simples, não desafia o leitor.
 

Neste sentido, não posso deixar de comparar “Vilania Eterna” com “Crise Final” do Grant Morrison. Lendo esta primeira edição, me veio à mente algumas estranhas “semelhanças” entre as duas sagas. Ambas tratam de seres (vilões) de outro “universo” que se infiltraram na sociedade e que tentam conquistar a lealdade e a cooperação dos vilões do nosso universo, para realização do seu plano maligno. O “sacrifício” da integridade e identidade do Asa Noturna em frente aos vilões é semelhante ao assassinato do Caçador de Marte em “Crise Final”, com o objetivo de conquistar a lealdade dos criminosos. O próprio domínio das comunicações globais pelo vilão “Rede” – a mensagem “Este mundo é nosso” em celulares, televisores e tablets – é uma cópia mal feita da versão do Morrison para a “Equação Anti-Vida”. Até o fato do Lex Luthor se insurgir contra os dominadores lhes é comum. Coincidência?
 

No fim das contas, Vilania Eterna #1 não é uma história ruim. Mas é uma história superficial, que se utiliza de uma formula desgastada. A saga reflete o contexto dos quadrinhos atuais, onde vemos repetidamente o aproveitamento exaustivo de ideias antigas e nenhuma novidade.


Para uma editora que alega ter feito um “reboot” com o intuito de atrair novos leitores, essa era a hora de surpreender com algo original. Mas ainda é muito cedo para condenar toda a Saga. Vamos torcer para que as próximas edições superem um primeiro número fraco.

Por Fernando Fidalgo

Fonte: Dínamo

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2 Comentários

  1. mas se o Reflexo do Mal não se reflete em uma água Rasa como a Maldade dessa Vilania será eterna?/!? Marcos Punch.

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    1. Pois é meu caro. Parece que a vilania não tinha como durar para sempre.

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