Antes de falar sobre Superman #36 vamos nos dirigir à proverbial
mastodonte prenha no meio da sala de jantar: A capa. Alguns veículos (que
claramente não estão acompanhando as histórias atuais do Homem de Aço)
noticiaram antes da publicação desta edição, o simples fato do personagem Ulisses
estar usando o uniforme de Kal-El como algo fora do normal, como se isso
significasse que nesta edição alguma mudança drástica do tipo que altera o
status quo do protagonista aconteceria. Obviamente (para quem está lendo Superman mensalmente) isto não acontece em Superman #36. O arco atual tem seu
próprio ritmo. Quando tais mudanças ocorrerem serão a partir da edição 37 ou 38
e serão gradativas e bem orquestradas, como é costume do roteirista Geoff
Johns.
Voltando a esta edição
especificamente, temos a quinta parte do arco “Homens do Amanhã” na qual
finalmente as convicções e crenças de Ulisses e de Clark colidem. Geoff Johns
reforça a ideia (já bem manjada, diga-se de passagem) de que o Homem de Aço
acredita firmemente no potencial da humanidade e se enxerga como um símbolo de esperança, melhoria e
mudança para o Planeta Terra. Infelizmente, Ulisses, que até agora se mostrou
um valioso aliado do Superman, não compartilha desta visão e os dois entram em
um conflito físico e ideológico.
Enquanto Lois Lane e Jimmy Olsen
investigam os planos do misterioso oponente, o Azulão tenta convencer Ulisses
de que ainda há esperança para o Planeta. É aquela velha premissa do Superman
bonzinho tentando convencer todo mundo de que trabalhando e acreditando, um dia
a humanidade pode se tornar uma raça menos escrota. O mérito do autor é
introduzir um personagem novo e interessante na mitologia do Homem de Aço e dar
a Ulisses motivações e argumentos plausíveis, além de poderes e força
compatíveis com um dos personagens mais poderosos da DC Comics. Além de um
passado misterioso, o antagonista é ambíguo, cheio de camadas emocionais e
consegue ser tridimensional sem ser muito dramático e sem apelar para a
megalomania típica de vilões de HQ de super-herói. Ulisses é um cara normal
assim como Clark. A diferença é que sua visão de mundo é (aparentemente) oposta
a do Superman.
Quando falamos da arte de John
Romita Jr. temos que ressaltar sempre que ela não é unanimidade. Já foi falado
isso antes, mas nem todos os leitores consideram seu estilo quadrático algo
bonito de se ver. Dito isto o que se pode dizer sobre a arte desta edição é que
se você gosta do traço do sujeito não há o que reclamar em Superman #36.
Temos boas cenas de ação, assim como expressões dramáticas interessantes
principalmente na cena na casa dos pais de Ulisses. A caracterização do elenco
de apoio é boa e os quadros grandes mostrando o maquinário da quarta dimensão é
grandioso como deve ser.
Por fim, Superman #36 é mais uma
edição muito consistente da mensal do Homem de Aço. O arco iniciado por esta
equipe criativa com a chegada de Ulisses a Terra é movimentado, bem escrito e
intrigante e isso tudo sem usar nenhuma premissa mirabolante ou revolucionária.
Geoff Johns mantém equilibrado o mix de ficção, drama e ação em escala global
que é o que os fãs de Superman esperam, sem descaracterizar nenhum dos membros
do clássico elenco. A arte de Romita Jr. também é satisfatória para quem curte
seu estilo. É muito bom ver que finalmente o título principal do
personagem mais popular da DC Comics está em boas mãos após o desastroso início
deste volume da publicação há 3 anos atrás.
Por Igor Tavares
Fonte: Proibido Ler
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