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Planeta Resenha DC: “Shazam e a Sociedade dos Monstros” de Jeff Smith

Billy Batson é um garoto esperto e independente que vive sozinho nas ruas. Ele é do tipo “safo” e vai sobrevivendo como pode apesar de todas as dificuldades. Mas um dia, ele avista um estranho descendo pelas escadas do metrô, alguém familiar para ele. Ao segui-lo, Billy embarca numa aventura mágica que mudará para sempre a sua vida.

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Jeff Smitth é o cultuado autor da HQ autoral “Bone”, cujo sucesso lhe rendeu o convite para trabalhar nessa história do Shazam da DC Comics, um personagem do qual ele é um fã confesso. O estilo cartunesco misturado com boas doses de drama e até momentos mais densos fez dele uma escolha sensacional para produzir essa HQ. “Shazam e a Sociedade dos Monstros” não está ligada a nenhuma cronologia específica, mas bebe da fonte das histórias clássicas do super-herói criado por C.C. Beck e Otto Binder, recontada com o mesmo entusiasmo que Jerry Ordway fez alguns anos antes com seu “The Power of Shazam”, mas com um novo olhar sobre velhos temas. O resultado disso é uma história fechada do Capitão Marvel (Sim, aqui ele ainda é chamado desse jeito. Atualmente devido a questões jurídicas ele passou a ser conhecido como Shazam). Com isso, e livre das amarras da continuidade, vemos Smith explorar várias soluções inteligentes para o mito do personagem, como por exemplo, no que se refere à transformação do menino em adulto. Na visão do autor, ele não é simplesmente uma criança com a sabedoria de Salomão, mas uma fusão do garoto com a “entidade” Capitão Marvel, uma espécie de avatar criado pelo mago Shazam que precisa de um hospedeiro para existir. Mas ele não trabalha isso como uma possessão ou algo mais invasivo; quando a transformação ocorre, Billy é o Capitão e o Capitão é o Billy. Um tem total consciência do que o outro faz e o que vemos é uma perfeita simbiose entre eles. Smith também foi feliz ao retratar a irmã de Billy como uma criança mesmo ao se transformar em Mary Marvel, e deu uma nova função ao tigre mágico falante conhecido como Sr. Malhado. O vilão clássico Dr. Silvana também é utilizado de modo a nos mostrar que essa história não seria essa história sem a presença de um gênio do mal.

Alguns aspectos dos poderes do herói também foram explorados de forma bem mais funcional e de certo modo, até mais lógica, considerando é claro todo o contexto da natureza de suas habilidades. Muitas pessoas enxergam o Capitão Marvel como uma versão do Superman, um cara superforte, indestrutível e capaz de voar. Mas Billy tem uma fração dos poderes de vários deuses, incluindo Zeus. Jeff Smith fez bom uso disso e mostrou que embora as semelhanças entre os heróis de capa sejam inegáveis, o Capitão Marvel possui características únicas.

Responsável não só pelo texto mas também pela arte, Smith nos apresenta o mesmo padrão de qualidade mostrado em “Bone”. Seus desenhos têm um ar de infância, mas em alguns momentos nos remetem situações bem mais tensas. A forma como ele retrata os monstros é sensacional, lembrando um pouco algumas boas animações japonesas.

O álbum lançado pela Panini em capa dura tem ótimo acabamento, fazendo da leitura algo bem mais confortável. Mas a história em si é extremamente cativante, agrada em cheio todos os fãs do personagem por respeitar suas origens e agregar novos conceitos. É uma HQ necessária e muito esperada pelos leitores, que demorou muito para ser lançada por aqui, mas felizmente não foi ignorada.

Se com uma palavra mágica, uma criança pode se tornar um adulto, posso dizer que pelo menos por alguns minutos, ao ler essa bela história, um adulto pode voltar a ser criança.

SHAZAM!

Por Rodrigo Garrit

Fonte: O Santuário

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2 Comentários

  1. Respostas
    1. Olá Rodrigo, obrigado pelo comentário!
      Pode ter certeza de que você não vai se arrepender. Além do belo acabamento, a história é muito divertida, independente de quem é fã do personagem ou não.
      Volte sempre, os post são diários!

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