Por diversas razões que não cabem
aqui, nem todo leitor morre de amores pelo Capitão América. Para citar
apenas uma delas, a falta de identificação com o público residente fora dos
Estados Unidos da América é evidente. Ainda assim, não dá para negar que Steve
Rogers, um dos personagens mais “coxinhas” – para usar um adjetivo bastante
recorrente atualmente – da Marvel, é um herói e tanto.
Antes mesmo de adquirir seus poderes, o cara era motivado por uma vontade imensa de ajudar os oprimidos, e após o soro do supersoldado, passou a distribuir justiça com seu escudo por tudo quanto é canto. Foi um dos grandes responsáveis pela queda do Reich, depois dado como morto, e retornou de forma triunfal, desta vez como um dos membros principais dos Vingadores. Não à toa, tornou-se um ícone da Casa das Ideias, principalmente, é claro, no país cuja bandeira ele ostenta no escudo e no uniforme provinciano.
O herói passou por muitas e muitas dificuldades, como a morte de pessoas próximas devido ao seu envelhecimento vagaroso, baixas em combates e trocentos ferimentos, dos mais simples aos mais escabrosos. E sempre esteve lá, firme e forte para aguentar o próximo tranco. Nunca se deixou abater pelo drama, pelo contrário. Servia como motivação de ímpeto e persistência de ideais elevados, muitas vezes distintos do que o seu país almejava. E foi justamente isso que ocasionou a sua morte.
Como visto em Guerra Civil, o governo norte-americano decretou que todos os super-heróis deveriam revelar suas identidades secretas e se registrar para permanecerem sob os olhos do Estado. O Homem de Ferro apoiou a nova resolução e liderou os heróis que também defendiam a causa. Do outro lado, estava o Capitão América, à frente dos mascarados que se opunham à imposição governamental. Foi declarada a guerra entre antigos aliados, muitas vezes, amigos, como era o caso de Tony Stark e Steve Rogers. Até que este último percebeu que o conflito estava trazendo mais prejuízos do que benefícios para os cidadãos comuns, o que o levou a abandonar a causa.
Ao ser levado a julgamento, Steve Rogers foi vítima de um atentado, e tombou diante da população e das câmeras. Mas o herói já havia passado por inúmeras situações críticas, e poucos acreditavam que este seria o seu final. Mas Rogers não é imortal, apesar de possuir capacidades sobre-humanas, e aquilo que todos temiam, acabou por se concretizar.
A situação, obviamente, acabou por abalar profundamente um grande número de heróis, e este é o foco em Capitão América - Morre uma Lenda. São expostos os dramas pessoais de personagens importantes que tiveram relações próximas com o emblemático herói e as maneiras distintas como cada um lida com a tragédia.
São cinco capítulos, cada um focado em heróis diferentes e desenhado por artistas diferentes. E a diferença também é sentida na qualidade de cada capítulo, uns mais relevantes, outros com cara de tapa-buraco. Ainda assim, e apesar dos exageros, o conjunto emociona e faz refletir sobre a real importância de um grande ícone dos quadrinhos, e, por que não dizer, da mitologia contemporânea.
Apesar de sabermos bem que a Marvel desconhece o real significado da palavra “morte”, a leitura é bastante válida e agradável, seja você um fã ou não do Sentinela da Liberdade.
Capitão América - Morre uma Lenda (Coleção Oficial de Graphic Novels Marvel Vol. 51) - 168 páginas - formato 17 x 26 cm - R$ 32,90 - lançado em novembro de 2014 – Editora Salvat do Brasil (coleção prevista para ter 60 volumes).
Por Leonardo Porto Passos
Fonte: HQ Maniacs
0 Comentários