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Planeta Resenha Marvel: Eixo - A saga completa

Eixo (Axis no título original), a mais recente “mega saga” da Marvel em 2014 terminou. Na história publicada em 9 edições temos 3 atos definidos: O primeiro chama-se A Supremacia Vermelha e mostra os efeitos causados ao Planeta Terra quando o Caveira Vermelha usa todo o poder adquirido através do cérebro de Charles Xavier para impor seu reino de terror e intolerância à humanidade. O segundo ato se chama Inversão e descreve uma verdadeira inversão nas personalidades de heróis e vilões Marvel após o confronto com o Caveira. O terceiro e último ato se chama Nova Desordem Mundial e nos leva ao clímax da saga no qual heróis e vilões lutam entre si para manter ou alterar o status da tal “Inversão” de personalidades.


Rick Remender é o responsável pelo conceito e argumento de Eixo e o que podemos dizer é que se tem uma coisa que o sujeito faz muito bem nesta saga é superar as expectativas: Não se esperava uma premissa tão manjada e isso foi superado. Não se esperava um roteiro tão confuso e sem pé nem cabeça e isso foi superado. Não se esperava que a quantidade de descaracterizações de personagens fosse tão grande e isso foi superado. Não se esperava uma história tão enfadonha e isso foi superado. Não se esperava que as repercussões da saga fossem tão ridículas e irritantes e isso com certeza foi superado.

Eixo nas primeiras edições intencionalmente (ou não) te convida para um inocente confronto com o super vilão e de repente o leitor se vê envolvido em uma das piores ciladas narrativas da história da Marvel. Mesmo que você engula a tal “Inversão” e a consequente descaracterização brutal imposta a personagens como Magneto, Feiticeira Escarlate, Mercúrio, Destrutor, Hulk, Dentes de Sabre, Carnificina entre muitos outros, Eixo não consegue se sustentar nem mesmo em suas próprias premissas. É um festival de erros, decisões narrativas que levam a becos sem saída e inconsistências que começam na segunda edição e vão sufocando a leitura até o ridículo final. Ecos aterrorizantes de Massacre, a malfadada saga dos anos 1990 que culminou na trágica e sombria fase da editora chamada Heróis Renascem, vem à mente em todas as edições de Eixo, causando calafrios aos leitores mais antigos da editora.

A arte em Eixo é uma colaboração entre Adam Kubert, Leinil Yu, Terry Dodson e Jim Cheung e os quatro artistas parecem irreconhecíveis durante o evento. Não dá pra saber ao certo se o problema é a quantidade de personagens na saga ou a imbecilidade do roteiro de Rick Remender, mas o fato é que Eixo conseguiu extrair o pior destes ilustradores. Temos traços corridos, mal acabados. Páginas mal planejadas, confusas e sem brilho desde a primeira edição até o final. Caracterizações que não podem nem ser classificadas como burocráticas de tão fracas. Cenas de ação pífias. Acabamento péssimo. Enfim, se o roteiro em si é um desastre em alta velocidade a arte não fica atrás.

Eixo é um erro. Não tanto pela premissa ou pelas repercussões esdrúxulas para o Universo Marvel (até dá pra engolir algumas coisas), mas sim porque é uma saga mal planejada, mal escrita e pessimamente executada. Muita gente vai se encolerizar e amaldiçoar a Marvel por causa das consequências da saga para seus heróis favoritos, mas o fato é que o principal problema desta saga é que falta propósito, discernimento e capricho nessas revistas. Eixo estraga o 2014 da Marvel (que já não estava lá essas coisas) e é a prova cabal do que a editora se tornou nos últimos anos: uma fábrica de sagas mal ajambradas com o único propósito de vender tie-ins se valendo do vazio bordão de que “após isso tudo vai mudar”.

Acredite, nada de fato mudou e o que mudou foi para pior.


Por Igor Tavares
Fonte: Proibido Ler

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