Nosso colaborador
Giulianno de Lima Liberalli passou seis volumes investigando a clássica fase do
Monstro do Pântano por Alan Moore nos pântanos do Bayou. Quando parecia que ele
teria suas merecidas férias, eis que a Panini começa a publicação da fase
seguinte às mãos de Rick Veitch (e o Giulianno mal teve tempo de desfazer as
malas).
De volta aos pântanos
da Lousiana... Realmente é quase impossível para mim permanecer muito tempo
longe do Bayou e dos mistérios desse nexo sobrenatural do reino vegetal, lar do
mais importante representante do verde e das forças naturais do planeta: O
Monstro do Pântano. A Panini lançou pelo selo Vertigo o primeiro volume com as
histórias do Monstro após a fantástica passagem de Alan Moore pelo título,
nessa fase sob o comando de Rick Veitch, Alfredo Alcala e Brett Ewins.
Coloquem-se no lugar
de Rick Veitch e imaginem o peso da responsabilidade em dar sequência a saga do
Monstro continuando de onde Alan Moore parou, o autor britânico reformulou,
revolucionou a vida do personagem dando um novo rumo e um novo sentido para sua
existência, algo tão completo que poderia muito bem ter encerrado o título na
antológica edição 64 que marcou sua despedida deixando o Elemental do Verde
seguindo sua vida ao lado de sua amada depois da sua viagem pelo infinito vácuo
celestial, decidido a abandonar suas jornadas sobrenaturais em prol de viver
única e exclusivamente para sua amada Abby Cable construindo para ela e para si
mesmo um paraíso nos pântanos.
Veitch mostra com
muita segurança e competência que não se intimidou diante da tenebrosa tarefa
dando continuidade ao trabalho de Moore com uma fase que promete outra grande
sequência de histórias focadas na mitologia deixada pelo seu antecessor. Como
vimos nos volumes da Saga por Alan Moore, o Monstro do Pântano descobriu que
sua existência não é um bizarro acidente que mesclou ciência e natureza dando
origem a uma criatura capaz de controlar as formas de vida vegetais da Terra,
ele é o mais recente Elemental Vegetal, o representante e protetor do Verde,
cuja missão é manter o equilíbrio da natureza, o único senão é que sua parte
humana ainda tem grande influência em seus passos e em suas decisões, apesar de
ter aprendido muito sobre o poder do verde e o jeito de ser da carne vegetal,
cujos interesses estão acima das vontades da carne animal.
O Monstro não foi
dado como morto somente pela humanidade quando seu corpo foi destruído pela
arma de Lex Luthor em Gotham tendo sua essência lançada sem rumo ao espaço. Ele
foi desconectado totalmente do verde, o Parlamento das Árvores perdeu o contato
com seu avatar na Terra e também o considerou perdido para sempre, sem terem
ciência do que acontecia com Alec enquanto tentava descobrir um meio de
retornar para a Terra o antigo Parlamento decidiu gerar um novo avatar para
manter o equilíbrio do Verde no planeta, pois como foi mostrado durante eras
sempre existiram avatares do verde, pessoas que partilham histórias de dor e
perda da humanidade para servir aos desígnios da natureza como o próprio Alec
Holland.
Depois de se
reencontrar com a sua amada e decidirem abandonar o contato com a humanidade
para sempre, Alec vai procurar o Parlamento para compartilhar suas
experiências, mas é tratado como intruso e desconhecido pelas mentes anciãs que
lhe revelam o grande problema causado pelo seu retorno: com sua ausência o
verde precisou gerar um novo campeão e não pode haver dois campeões existindo
na mesma época, é contra o equilíbrio da natureza, portanto Alec é colocado em
uma difícil posição: Para se manter como avatar do verde deverá eliminar o
embrião do novo avatar, porém sua consciência não lhe permite cometer o que ele
considera um crime hediondo, tirar uma nova vida que ainda não germinou apenas
para não prejudicar a sua. Então ele decide simplesmente dar as costas para o
verde e deixar essa nova gestação seguir adiante, para o que quer que nasça
tome seu lugar como avatar. Infelizmente essa decisão vai lhe trazer sérios
problemas. Esse é o ponto de partida para essa fase, mostrando os novos rumos
que a vida de Abby Cable assume quando ela decide viver afastada da humanidade
ao lado do seu amado Monstro e como isso influencia seus amigos Chester, o
ativista da natureza, e a traumatizada escritora Liz que ainda sofre os efeitos
dos maus-tratos infligidos por seu ex-companheiro. Podemos ver também o quanto
a influência de Constatine cresceu desde a sua primeira aparição durante a saga
do Gótico Americano, muito mais atuante nessa fase, o mago inglês tem uma
participação bem maior nos eventos que se desenrolam nesse primeiro volume.
Houve um erro da
Panini nessa primeira edição. O índice diz que na página 8 teria uma introdução
por Stephen R. Bissette, mas não foi publicada, porém os editores já explicaram
que realmente erraram, a introdução não saiu no produto final, nada que
prejudique a leitura. Uma curiosidade para os leitores
mais novos é que na época da publicação original a saga Milênio estava
acontecendo nos títulos da DC, esse foi um dos muitos crossovers da década de
80. A história dessa série era de que seres humanos especiais foram escolhidos
pelos Guardiões e pelas Zamaronas para se tornarem os Novos Guardiões, isso
despertou os Caçadores Cósmicos, androides que foram a primeira força policial
criada pelos Guardiões antes dos Lanternas Verdes, só que eles eram falhos e se
rebelaram contra os seus criadores. Viveram infiltrados na Terra vigiando de
perto os heróis esperando o momento de atacar, isso é mostrado rapidamente na
página 90 aonde o Superman persegue um Caçador que tinha assumido a forma de
Lana Lang e com Constantine fazendo uma clara citação a saga enquanto conversa
com um dos seus contatos especiais.
E que venha o próximo
volume trazendo mais desdobramentos desse desafio para a vida de Alec Holland,
o Monstro do Pântano.
Por Giulianno de Lima Liberalli
Colaborador do Planeta Marvel/DC
2 Comentários
Eu achava que a participação do Monstro do Pântano na saga Milênio seria bem mais profunda, já que o Woodrue faz parte dos escolhidos. Realmente a missão do Veitch não deve ter sido nada fácil. Me lembro que na época em que o Bendis "passou a bola" para o Brubaker na revista do Demolidor, eu pensei a mesma coisa.
ResponderExcluirPois é, Roger, sempre foi uma tarefa muito difícil para roteiristas pegar um material que está consagrado e continuar sem deixar a peteca cair já que cada um coloca o seu toque pessoal no trabalho, mas acredito que o fato de Veitch ter trabalhado com Moore no título o ajudou a fixar a aura que o autor conseguiu criar para a série e continuar, os próximos volumes confirmarão ou não essa teoria.
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