Em vias de encerrar o mês de fevereiro, nosso
colaborador Giulianno de Lima Liberalli nos brinda com uma bela homenagem a uma
série muito querida da Marvel. Mas, o que aconteceria se você nunca tivesse
lido ou se interessado por essa revista? Nesse caso, acompanhe sua trajetória
através desse artigo que faz uma verdadeira viagem no tempo.
Em fevereiro de 2017 completa 40 anos do lançamento
de uma das séries de histórias da Marvel que fez muito sucesso entre os
leitores nos anos 80 e 90, ela se chama “O Que Aconteceria Se...”
e tem por base mostrar eventos clássicos, ou chave, do Universo Marvel seguindo
por uma linha diferente do que aconteceu na continuidade normal a partir de
determinado momento da trama cujo evento chave tem um resultado diferente. As
primeiras encarnações da publicação sempre começavam com uma introdução de
Uatu, O Vigia, narrando o evento como aconteceu realmente e, a partir de
determinado momento, o que aconteceria se o momento principal seguisse um rumo
totalmente diferente do que conhecemos e as suas consequências em outro
universo, mais ou menos como se, no momento do teste da Bomba Gama, Rick Jones
empurrasse Bruce Banner para a trincheira e ele virasse o Hulk com a explosão,
como ficariam os eventos daquela linha no universo Marvel?
No primeiro número de 1977 temos a história narrando
o que aconteceria se o Homem-Aranha se juntasse ao Quarteto Fantástico e eles
formassem o Quinteto Fantástico? Para quem conhece as histórias clássicas do
Homem-Aranha sabe que ele se ofereceu para fazer parte do Quarteto logo no
início de sua carreira heroica, mas Richards e os outros membros foram contra
devido a impopularidade do Aranha nos jornais, o fato de que suas identidades
são públicas e o Aranha não revelar seu rosto e nome verdadeiro, o que poderia
causar a desconfiança das pessoas, e ele vai embora magoado com a recusa da
equipe, porém isso ocorreu no universo normal e nesse momento a história cria
sua versão na narração do Vigia mostrando quando a Mulher Invisível pede que o
Homem-Aranha fique e convence os outros membros a aceita-lo, pois seus poderes
seriam uma grande adição para a equipe, feito isso Richards convoca uma
coletiva de imprensa para anunciar que o Quarteto agora é um Quinteto com a
entrada do Homem-Aranha, daí vemos as mudanças nas vidas do Quarteto e do
Aranha com essa nova fase.
Com uma história empolgante escrita por Irving
Watanabe, desenhada pelo excelente Dave Cockrum e com um tema novo e intrigante
pelas mãos do editor Roy Thomas a estreia da nova série foi um sucesso imediato
que trouxe temas oscilando entre o drama e o humor, podendo mexer com as mais
variadas situações da Marvel, alterando mudanças de caráter dos principais
personagens em momentos especiais, como quando propuseram ao Capitão América
que se candidatasse à presidência dos Estados Unidos na edição 250, na fase de
Roger Stern e John Byrne dos anos 80, naquela história ele recusou, mas aqui
ele aceitou tomando um rumo diferente da saga original se tornando o primeiro
presidente super-herói do país na edição 26 de abril de 1981, também mostraram
situações onde heróis como O Motoqueiro Fantasma, A Mulher-Aranha e Capitão
Marvel se tornaram vilões e famosos vilões se tornaram os heróis, como o Doutor
Destino, por exemplo, e foram várias as questões exploradas: se o Hulk tivesse
o cérebro do Dr. Banner, se o Homem-Aranha tivesse salvado Gwen Stacy da morte,
se Rick Jones não tivesse interferido na Guerra Kree-Skrull e os Vingadores
tivessem lutado sem ele, se o Doutor Estranho se tornasse discípulo de Dormammu
ou se o Barão Mordo tivesse se tornado o novo Mago Supremo, se Conan tivesse
aparecido no século 20 e por aí vai.
Investiram em momentos de comédia como em uma
história que os artistas da Marvel se tornam o Quarteto Fantástico, imagina o
Stan Lee como Reed Richards e Jack Kirby como O Coisa? Pois é, fizeram isso na
edição número 11 de outubro de 1978. Em outra edição lançaram várias questões
cômicas do tipo: Se o Demolidor fosse surdo ao invés de cego? Ele dá uma surra
em um bando de ladrões, todos gritando e ele entendendo tudo errado enquanto
arrebenta os caras; Se o Coisa fosse rosa ao invés de laranja? Pobre Benjamim;
Se o Motoqueiro Fantasma trabalhasse em um fast-food entregando hambúrgueres
flamejantes? Hilário; Luke Cage branco? Nem se fala. A edição 34 da primeira
versão chega a ter O Vigia na capa pedindo que o leitor não a compre, não
pouparam nem a 4ª Parede! Claro que também criaram momentos mais dramáticos com
questões como: Se Jean Grey não tivesse morrido na Lua e se submetesse a uma
lobotomia para retirar seus poderes? Se a Fênix Negra tivesse matado os X-Men?
Se Os Vingadores tivessem se aliado a Korvac? Se o Wolverine tivesse matado o
Hulk em seu primeiro encontro? Se os X-Men tivessem morrido em Krakoa? A lista
é imensa e brinca com a nossa imaginação, pois tem situações que nós mesmos
pensamos como elas seriam como no caso de o Homem-Aranha não abandonar o mundo
dos shows se tornando uma celebridade, se Jane Foster tivesse encontrado o
martelo de Thor ao invés de Don Blake e se a Mulher Invisível tivesse aceitado
o pedido de casamento de Namor e ficasse com ele em Atlantis? Nossa, chega a
dar um nó na mente, seria como ter o dom de viajar no tempo e mudar as coisas
para ver como elas ficariam se a vida seguisse um curso diferente (Droga,
Barry!). O Vigia foi o narrador das histórias durante as duas primeiras
encarnações da revista, depois dos eventos de uma história do Quarteto
Fantástico onde ele é punido por matar outro Vigia as histórias passaram a ter
outros narradores mais envolvidos com a trama, como em “O Que Aconteceria
Se Karen Page tivesse vivido?” na fase 3 da série. Mais tarde, na sexta
versão, um hacker apelidado de “O Vigia” narra as primeiras histórias.
Temas como a morte ou não morte de heróis famosos
foram abordados em histórias que mostravam o que teria acontecido se o Capitão
Marvel não tivesse morrido de câncer, se o Mercenário não tivesse assassinado
Elektra e se o Jaqueta Amarela tivesse morrido? Ou se o Tio Ben não tivesse
morrido e Peter ainda continuasse como o Homem-Aranha? As edições sempre
traziam as sagas fechadas pelas mãos de diversos artistas, tudo era resolvido
na mesma história e com os reflexivos pensamentos do Vigia sobre o desfecho da
nova versão da história e as consequências para os envolvidos. No Brasil as
aventuras saíram nas mais variadas revistas de linha, principalmente quando
estavam na Editora Abril, como Homem-Aranha, Super Aventuras Marvel e Heróis da
TV, geralmente quando o tema era relacionado a algum herói presente no título,
a Panini Comics lançou algumas recentemente na série Marvel Especial. A
infinidade de temas que existem para os autores explorarem é o charme desse
título com tantas histórias memoráveis, tantas que até mereciam um relançamento
com uma seleção das melhores questões clássicas para os leitores conhecerem, ou
reverem, alguns desses momentos que marcaram época nos quadrinhos Marvel.
Por
Giulianno de Lima Liberalli
Colaborador
do Planeta Marvel/DC