Steve
Ditko, o artista norte-americano morto em junho de 2018, poucos meses antes de
completar 91 anos, criou o Homem-Aranha em parceria com o editor e roteirista
Stan Lee, em 1962.
Mas
seu papel não ficou restrito ao desenho, tampouco ao herói que virou símbolo
da Marvel Comics. Sua imaginação privilegiada deu vazão a uma série de
características dos personagens da série, inclusive os vilões, nos 39 números
que desenhou, até 1965. O mesmo talento que o levou a dar vida, sozinho, a
criaturas intrigantes como Doutor Estranho; bizarros, como o Rastejante;
radicais, como Questão; e polêmicos, como Rapina e Columba.
Mesmo
autor de Stan Lee – O reinventor de super-heróis e Jack Kirby –
O criador de deuses, Roberto Guedes imprime ao livro O
Incrível Steve Ditko (formato 14 x 21 cm, 264 páginas, R$
54,90) uma narrativa detalhada que resgata desde a infância de Ditko na
acanhada Johnstown, estado da Pensilvânia, até sua consagração como coautor
Aranha.
Ele
mostra a família pobre, as brincadeiras na rua, o serviço no exército
americano, o tímido começo na área editorial, em Nova York , e até mesmo o
primeiro encontro com Stan Lee em uma escola de desenho. Traz revelações da
vida particular e da carreira dessa misteriosa e, ao mesmo tempo, fascinante
personalidade da arte sequencial.
Guedes
esmiúça a personalidade e uma estranha filosofia que conduziu a vida do
desenhista arredio e ermitão até seu ultimo suspiro. A partir de determinado
momento de sua carreira, Ditko passou a escancarar suas ideias revolucionárias,
muitas vezes classificadas como libertárias, nas páginas impressas.
Principalmente nas publicações independentes, em que tinha completa autonomia.
Para
detectar com precisão suas intenções mais obscuras nos títulos das grandes
editoras como Marvel, DC e Charlton Comics, Guedes
teve de mergulhar em várias obras da filosofa russa Ayn Rand, propagadora da
filosofia do Objetivismo, especialmente em livros como A Nascente (1943)
e A Revolta de Atlas (1957), para descobrir “mensagens subliminares”
nos trabalhos mais famosos de Ditko.
Adepto
do Objetivismo de Rand desde os anos 1960, Ditko acabou por se transmutar, dali
em diante, em bem mais que apenas um artista da indústria dos comics. Se
tornou também um criador compulsivo, um filósofo espontâneo e um crítico
implacável da sociedade moderna.
Ele
desagradou muita gente da indústria dos quadrinhos, rompeu com Stan Lee,
oportunidades de trabalho foram perdidas e portas se fecharam para sempre.
Amizades de longa data, como a que mantinha com o editor Dick Giordano, foram
desmanteladas. Apesar de recluso, inacessível a entrevistas e pouco afeito a
premiações e convenções de quadrinhos, Ditko jamais se furtou a defender seus
rígidos, mas inteligentes, pontos de vista.
A
obra traz várias reproduções de originais do artista e fotos raras do
biografado, em momentos distintos de sua vida. A arte de capa foi realizada
pelo cartunista Wander Antunes. O livro já está à venda no
site da Editora Noir.
Fonte: Universo HQ