Quando Avengers
vs. X-Men foi anunciada lá nos EUA, teve gente
que reclamou. “O grande crossover da Marvel seria uma briguinha entre
Vingadores e mutantes? REALLY?”, diziam muitos deles. No entanto, essa foi uma
análise rasa. Quem acompanha os gibis da Casa das Ideias sabe: existe uma
escalada na animosidade entre as duas equipes há alguns anos — e,
principalmente, dentro dos próprios X-Men.
No final, AvX (como foi chamada lá nos EUA) rendeu uma boa história,
trazendo algumas transformações interessantes ao Universo Marvel, apesar do
final meia-bomba. Tudo isso chega agora ao Brasil, começando com a publicação
de Vingadores
vs. X-Men #0 (Panini
Comics, 132 páginas, R$ 12,90), que já está nas bancas.
Vale lembrar que, assim que VvX acabar, começa o relaunch da Marvel no
Brasil, que foi chamado dos EUA de Marvel NOW!. As revistas da
Panini devem ter a numeração zerada no segundo semestre do ano, introduzindo
uma nova fase dos personagens da editora — que, em parte, tem ligação com o
final da saga.
Como a Marvel chegou nessa briga?
Mais
do que tudo, uma saga que traz como pressuposto uma luta entre Vingadores e
X-Men (duas grandes franquias da editora nos gibis e nos cinemas) chama muita a
atenção. É aquele título que você sabe que vai atrair muita gente que não
acompanha as HQs ou não compra revistas há anos. É um pessoal que vai abrir a
publicação e se espantar ao ver o Wolverine lutando como um Vingador, por
exemplo.
Por isso, vale um rápido retrospecto. Wolverine, Fera,
Feiticeira Escarlate e alguns outros mutantes possuem um histórico como membros
dos Vingadores. Logan talvez seja o caso mais esquisito para que não lê
habitualmente: o mutante baixinho é membro constante das HQs dos Vingadores
desde 2005, quando estreou Novos Vingadores. Tem mais. Ano passado foi
publicada no Brasil a saga Cisma. Nela Ciclope e
Wolverine, que nunca foram melhores amigos, rompem de vez após uma série de
desentendimentos em meio a um ataque dos Sentinelas e do Clube do Inferno. Por
causa dessa briga, Wolverine funda uma nova facção X-Men sob seu próprio
controle, com base na antiga sede da equipe (que estava abandonada). Enquanto
isso, Ciclope reorganiza a versão dele dos X-Men, já há algum tempo sediada em São Francisco.
Outro grande plot que envolveu os X-Men nos últimos anos é a
chamada Dizimação e a chegada de Esperança. No final de Dinastia M, a descontrolada
Feiticeira Escarlate retira os poderes de boa parte dos mutantes, que se tornam
uma espécie em extinção.
A primeira mutante que nasce após estes atos é uma menina que
recebe o nome de Esperança. Cable e Bispo chegam do futuro após este
nascimento. O primeiro alega que ela é a messias dos mutantes, que salvará a
espécie da extinção. Já Bispo diz que Esperança se tornará uma espécie de
anti-Cristo, matando boa parte dos humanos.
Eventualmente, Esperança vai para o futuro de Cable, que a
treina como uma filha — por isso o nome Esperança Summers. Já adolescente, ela
volta do futuro e se torna integrante dos X-Men de Ciclope, que acredita
bastante na figura messiânica de Esperança e nas palavras do filho Cable. Mais
do que isso: fica no ar o envolvimento de Esperança com a Força Fênix, aquela
responsável por transformar a Jean Grey na vilã Fênix Negra nos anos 80. Será
Esperança realmente uma messias ou ela trará o fim do Universo Marvel?
Tem gente que não quer pagar pra ver. É nesse ponto que,
basicamente, começa Vingadores vs. X-Men.
Versão nacional
Como você já percebeu, pegar o fio da meada da saga não é
muito fácil para quem não é um leitor constante da Marvel. Nesse sentido, a
Panini fez um ótimo trabalho ao condensar VvX, deixando mais acessível aos
leitores novatos.
A versão nacional de Vingadores vs. X-Men #0 começa, na
realidade, trazendo uma minissérie que nos EUA serviu de prelúdio para o
crossover e é chamada X-Sanction. A história em si
não é grande coisa, mas serve para apresentar Cable e os motivos que ele tem
para retornar ao passado para atacar Os Vingadores. Além disso, estabelece um
pouco mais da personagem Esperança e traz a semente que, mais pra frente,
levará o Ciclope a atacar Os Maiores Heróis da Terra.
Depois, o gibi traz um especial do Nova, que revela o
surgimento de uma importante figura no espaço. Por último, há finalmente Avengers
vs. X-Men #0, uma edição focada em duas personagens importantes para o
crossover: Esperança e Feiticeira Escarlate. O gibi mostra não só a calmaria
antes da tempestade, mas também define alguns posicionamentos que veremos a
seguir.
Qual é o seu lado?
A partir daqui começará a briga de verdade. Assim como foi na Guerra Civil, a Marvel esperava
que AvX fizesse com que as pessoas tomassem um lado no conflito. No entanto, a
grande crítica foi que a editora e a equipe de roteiristas do crossover
(formada por Brian Michael Bendis, Matt Fraction, Jason Aaron, Ed Brubaker e
Jonathan Hickman) foi extremamente tendenciosa para o lado dos Vingadores.
Assim, uma parte dos leitores começou a exigir a morte do Ciclope. Por outro
lado, outros fãs se sentiram enganados por esse posicionamento e começaram a
campanha “O Ciclope Estava Certo”.
Seja pelos caminhos errados ou certos, a Marvel conseguiu a
divisão que queria.
Agora resta a você, leitor brasileiro veterano ou novato, ler
Vingadores vs. X-Men e tomar um posicionamento. Quem está certo? Os X-Men, que
querem garantir o futuro dos mutantes a partir da Esperança Summers? Ou Os
Vingadores, que acham que o que está por vir pode acabar com toda a Terra?
A verdade é que, no final das contas, ninguém terá razão…
O que você acha?
Fonte: Judão
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