Quantas
pessoas estão familiarizadas com o nome Thor? Quem já ouviu falar em Tony Stark ou Bruce
Banner? Bem, quase
todo mundo. Desde que a Marvel colocou em prática o plano de expansão
para o universo dos cinemas, esses nomes, bem como tantos outros atrelados à
marca, ganharam espaço no senso comum e se fortaleceram como ícones da cultura
popular. Foi-se o tempo em que o mercado de heróis era pensado para um nicho
específico, focado em determinado tipo de consumidor.
Heróis
vendem. Alguns vendem bem e se permeiam por todo tipo de público. Daí a falta
de timidez dos grandes estúdios de cinema para turbinar o orçamento de qualquer
produção que se proponha a adaptar alguma história em quadrinhos.
Os
parágrafos que se desenrolam abaixo entregarão pequenos SPOILERS. Nada
significativo, mas considere-se avisado!
O
volume dez da HQ está disponível no aplicativo da editora desde a semana
passada, trazendo o penúltimo capítulo do arco God Butcher (ou, no bom português, Carniceiro de
Deuses). No arco, acompanhamos as infortunas ocasiões em que Thor esbarra na
trajetória de Gorr,
algoz sedento por subjugar todos os deuses do firmamento. É uma tarefa quase
infinita, tendo em vista que o Universo está em expansão e para cada nova
galáxia há um novo panteão de deuses. Mas o primeiro capítulo já deixa
implícito que o carniceiro em questão sucede em sua empreitada, e isso fica
claro quando vemos uma versão velha e odinesca de Thor largado para morrer em uma Asgard deserta,
cercada por criaturas sombrias. Pelas barbas de Odin!
A motivação do vilão faz Thor temer por cada golpe desferido, pois o
deus passa a duvidar de sua própria índole. Sobrevivente de um planeta severo e
infrutífero, o algoz teve a fé posta a prova quando testemunhou sua família
morrer em oração. Eles
gritavam, mas os deuses não ouviam. Isso faz Thor questionar o papel dos deuses
no funcionamento do maquinário da existência. Afinal, a fé que enche os
corações de esperança é a mesma fé que imobiliza pelo fanatismo. Inúmeros seres
sapientes do Universo se tornaram incapazes de prover os próprios meios de
sobrevivência esperando que a providência divina resolva tudo. Então… o
Universo não seria um lugar melhor sem esses deuses arbitrários?
Os
embates com o novo vilão se dão em três momentos distintos da vida do
asgardiano: a juventude, enquanto Thor abusava da idolatria dos vikings para
esvaziar barris de cerveja e deflorar jovens aldeãs; a vida adulta,
correspondente à fase atual do vingador; e a velhice, quando Thor terá assumido
o lugar de Odin como Pai Supremo. A narrativa entrelaça esses pontos da mesma
linha do tempo para construir o discurso comparativo do vigor, da experiência e
da memória. O belo trabalho é executado pelo roteirista Jason Aaron, em
parceria com o artista croata Esad Ribic.
A
nona edição da HQ ficou em trigésimo lugar no ranking de vendas de junho. Merece mais, mas não é uma
posição tão ruim, se você observar que alguns dos carros-chefes do eterno embate
Marvel vs. DC ficaram para trás – caso de Captain America, Iron Man,
Action Comics, Wonder Woman e
por aí vai.
Fonte: Judão
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