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X-Men, por Claremont & Byrne Parte 1 – Os Bons Companheiros

UNCANNY X-MEN n°s 108 (Dezembro de 1977)
História:
- “Armageddon Now!” – Roteiro: Chris Claremont, Arte: John Byrne, Arte-final: Terry Austin
X-Men Claremont Byrne 1 A
Publicações brasileiras que apresentaram esta história:
- Almanaque Marvel n° 14 (publicada em Julho de 1981, pela Editora RGE) com o títulos “E Agora… Armageddon”. Pode-se dizer que o Almanaque Marvel publicava histórias dos personagens que não eram exatamente os “medalhões” da Marvel (mesmo porque esses já estavam migrando para a Editora Abril). O almanaque publicava, também, história do super-herói Nova e da Mulher-Aranha. Mas, de fato, foram os X-Men, tornando-se atração do título, que se beneficiaram ainda mais na revista. Detalhe, no caso dessa edição, do destaque para criaturinha conhecida como Jahf, que é bem mais do que um chamariz para vender brinquedo (mesmo porque, isso nunca aconteceu).
- X-Men Classic II n° 4 (publicada em Setembro de 1995, pela Editora Abril) com o título “Onde Nenhum X-Man jamais esteve”. Nos anos 90, os X-Men proliferaram como nenhum personagem de quadrinhos havia feito antes. Quanto mais publicações sobre eles, melhor. A demanda era tamanha, que nem havia tanto material inédito assim. Mais do que perfeito para publicar histórias do passado dos mutantes. A segunda minissérie com esses clássicos, na verdade, não era uma ideia tão exclusiva. A revista americana Classic X-Men já fazia isso, inserindo partes dos quadrinhos do passado com alguns quadros adicionais feitos na atualidade. Ideia que é seguida por essa minissérie.
Enredo e Observações:

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Pegando o bonde andando. Foi assim que a equipe que popularizaria os mutantes da Marvel se formou. O escritor Chris Claremont foi o único integrante que já vinha de histórias anteriores desde a reformulação dos X-Men em meados da década de 70. Até então, mantinha uma parceria com o desenhista Dave Cockrum, que ajudou a firmar não só novos personagens mutantes (algo que foi iniciado com o escritor Len Wein), como também visuais marcantes para cada um deles. Cockrum, na verdade, trouxe muitos conceitos que não utilizou anteriormente, na editora DC Comics, quando produzia histórias da Legião dos Super-Heróis. Na Marvel, a Guarda Imperial Shiar, formada por alienígenas diversos, eram exatas versões dos personagens da Legião. Já Noturno, dos X-Men, havia sido criado por ele, na DC Comics, mas nunca foi utilizado. Ideias recicladas a parte, Cockrum “deu” seu Noturno para Marvel… e o resto é história.
Os X-Men não são renegados apenas em seu conceito de histórias. Nas vendas da própria Marvel, os mutantes até então eram uma das séries mais fracas. Nem mesmo a incursão do desenhista Neal Adams anos atrás (e sensação da época) foi capaz de levantar os X-Men para o patamar de lendas da editora. Mas, depois de uma década e meia, isso ia mudar.
Apesar do valor de Cockrum (que é homenageado no final dessa história, sob os protestos dele mesmo, que deixava bem claro de que não se tratava de uma homenagem póstuma: ele estava bem vivo), seu trabalho não era páreo para cumprir os prazos necessários das páginas de X-Men. Algo muito ruim para um título que estava tentando emplacar novamente. Para substituí-lo, entra em campo o desenhista John Byrne, que já havia trabalhado com Claremont nas histórias do Punho de Ferro. Virtuoso, além de ter um estilo agradável, Byrne também era sensação em outros títulos, passando a mostrar seu traço em vários personagens da Marvel, em especial na revista Marvel Team-Up, onde o Homem-Aranha sempre se encontrava com algum super-herói desse universo. Para acompanhar Byrne, o terceiro integrante da revista do Punho de Ferro foi chamado: o meticuloso artefinalista Terry Austin. Em time que está ganhando não se deve mexer. Bem… Na verdade… o mesmo time em um novo campo, já que Punho de Ferro não conseguiu se manter por muito tempo…

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A primeira história dessa nova equipe era conclusão de uma saga onde o irmão da imperatriz shiar, Lilandra, enlouquece e quase leva o universo à destruição total. Através de um cristal cósmico, um universo de nêutrons estava prestes a, literalmente, virar a realidade do avesso, destruindo tudo que existe e criando um novo universo. Quase um universo de antimatéria. Para tanto, Jean Grey, ex-Garota Marvel e atualmente conhecida como Fênix, utiliza seu então recém-adquirido poder cósmico para entrar no cristal e deter a ameaça. E, vejam bem, não era uma tarefa das mais fáceis. Era como se expandisse seu poder por um sistema estelar inteiro… talvez pelo universo inteiro… para tentar deter uma força capaz de engoli-lo inteiro também. Após o sucesso, ela vislumbra uma versão de si mesma, só que maléfica. Era como se fosse a Fênix do outro universo invertido que lutava por outros objetivos. Como se falava que Jean Grey conseguia conter o poder da Fênix através de seu amor (então pelo Cíclope), dava-se a entender que a “outra” Fênix era uma criatura feita de ódio. Mas logo ela consegue se livrar dessa duplicata e também sair do cristal. Claro que, detalhes desse tipo não eram colocados nas histórias levianamente.
Também tínhamos o pequeno Jahf, personagem coadjuvante praticamente genérico que servia de guardião do cristal. Mas era uma criatura que mostrava como a equipe estava atenta em chamar a atenção, uma vez que mais parecia uma criaturinha estranha e inofensiva, bem ao estilo de sucessos como os mostrados no filme Guerra nas Estrelas (que dispensa comentário sobre ter feito história nessa época). Inofensiva só na aparência, uma vez que nocauteou praticamente todos os mutantes (sendo Wolverine o primeiro), inclusive resistindo a um ataque da Fênix.
Por falar em Wolverine, ele ainda não era sombra do sucesso que se tornaria no futuro. Sequer estava usando o seu próprio uniforme nessa história. E não porque escolheu um novo visual. É que “emprestou” o uniforme de um dos integrantes da Guarda Imperial e, até o ponto dessa história, ainda estava vestido com ele. Wolverine sequer era um personagem do gosto de Claremont. Só foi salvo do esquecimento justamente pela insistência de Byrne em manter um personagem “conterrâneo”. Ao contrário do personagem, que era canadense, Byrne nasceu na Inglaterra. Mas foi criado no Canadá e nutria enorme carinho por essa terra mais ao norte. Algo que ele deixaria ainda mais evidente em mais histórias pra frente.
A dupla Claremont e Byrne iria se tornar mais e mais parceira com o passar do tempo. Mas, nesse inicio, Claremont cuidava exclusivamente de todo o roteiro. Isso é notável pela verborragia dos personagens. Todos os personagens. A cada ataque, cada golpe, eles faziam questão de soltar alguma frase de auto-incentivo e supremacia. Em alguns casos, essas falas se tornavam excessivamente dramáticas. Por outro lado, não soavam cansativas. Passear pelos quadros de Byrne e Austin era algo que não deveria ser feito folheando rapidamente a história. Era para se parar e admirar cada quadro e cena grandiloquente. Dessa forma, texto e arte se completavam.
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Um início que ainda não mostrava exatamente a que veio. Subestimada por alguns, essa história tem a desvantagem de ser apenas a conclusão de uma saga que não foi iniciada pela mesma equipe. Mas foi a partir daqui que os mutantes começavam a chamar a atenção do público e crítica, em um crescente e estrondoso sucesso desse time dos sonhos dos quadrinhos.

Fonte: Dínamo

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