Quando
uma doença terminal atinge seu fiel servo e amigo Wong, o Doutor Estranho
decide fazer o impossível para salvá-lo. A doença não pode ser erradicada pela
medicina, mas Stephen Strange além de um médico dedicado que honra o juramento
de Hipócrates, é também o Mago Supremo da Terra, e não vai deixar seu amigo
sucumbir assim tão facilmente.
Que o
texto de Brian K. Vaughan seria de excelente nível já era esperado, mas
surpreende por sua abordagem mais humana do personagem. Ele retrata Stephen
Strange como um médico que por acaso também é o Mago Supremo. Diferente de
outros casos de personagens onde quanto mais próximos da magia mais distantes
da humanidade, o que temos aqui é uma conciliação desses dois conceitos.
O Doutor Estranho pode viajar entre dimensões, conjurar seres ancestrais
e invocar feitiços arcanos, mas também pode se sentar à mesa para tomar café,
ler o jornal e discutir futebol. O “Doutor” e o “Estranho” convivem em
harmonia, e isso não faz dele menos imponente ao usar sua magia.
A utilização
da personagem “Enfermeira Noturna” – uma médica especializada em tratar de
ferimentos de vigilantes – foi uma decisão certeira, fazenda dela uma parceira
impecável do Doutor, como eles próprios brincam entre si, chamando-se de
“Sherlock” e “Watson”.
Além
disso, a história que é contemporânea e muitíssimo bem amarrada é uma grande
homenagem aos clássicos do Doutor Estranho de Stan Lee e Steve Ditko, cujos
nomes são invocados com orgulho nos créditos. Temos até mesmo uma poção “Otkid”
que não me deixa mentir.
Os desenhos são simples e
eficientes, nos rementem a um ar de nostalgia mas mantém o foco no
presente, provando que uma história envolvendo as artes místicas não precisa
necessariamente ter uma arte obscura. Ao contrário, apesar do teor
sobrenatural, tanto texto quanto arte são despojados, como se tivessem
adentrado os portões do Sanctum Sanctorum, tirado os sapatos, ligado a tevê e
estivessem relaxando, sem compromisso com rituais de formalidade.
No mais,
“Doutos Estranho: O Juramento”, escrita por um dos maiores nomes dos quadrinhos
atuais, é uma história despretensiosa que encanta do começo ao fim com seu
feitiço simples e efetivo.
Elementar.
Por Rodrigo Garrit
Fonte: O Santuário
Fonte: O Santuário
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