Planeta Resenha DC: The Multiversity: Thunderworld Adventures #1

“Aventura” – oito letras que definem precisamente esta edição de The Multiversity.  Nesta one shot da linha de quadrinhos Multiversais da DC Comics o maestro Grant Morrison e a orquestra formada por Cameron Stewart e Nathan Fairbairn nos transportam para a nostálgica Terra-5 – O Universo da antiga editora Fawcett Comics. 

Logicamente os protagonistas não poderiam ser outros se não a família do Capitão Marvel e o antagonista, o indefectível Doutor Silvana.

Primeiramente temos que abrir espaço para elogiar a iniciativa do autor e da própria editora em chamar o personagem como ele deve ser chamado – o Capitão Marvel é chamado de Capitão Marvel em TODA esta história. “SHAZAM” é somente o emblemático anagrama usado para suas transformações e é assim que deve ser. Tirando isso do caminho o roteiro de Thunderworld Adventures é um verdadeiro passeio por um parque temático na Florida de tão alegre, empolgante, cheio de surpresas agradáveis e de uma simplicidade e sinceridade que chegam a espantar em se tratando de Grant Morrison. ThunderWorld tem uma história extremamente fácil de entender e acompanhar e talvez seja a única das ones shots de The Multiversity que exige zero conhecimento prévio de qualquer coisa pra embarcar e se divertir. É quadrinhos à moda antiga, com heróis virtuosos e uni facetados e vilões clássicos e apaixonantes. O destaque quando se trata deste estilo de HQ naturalmente acaba sendo o vilão. O Doutor Silvana é maligno, genial, megalomaníaco e ruim na medida certa. O antagonista é a versão quintessencial do vilão maléfico de desenhos de sábado de manhã. Morrison sabe disso e se diverte demais descrevendo seus planos nefastos (e os colocando em execução). A família Marvel e todo o elenco de protagonistas não poderia ser mais adorável. Morrison escreve personagens relativamente bobos com uma paixão que comove quem lê e faz tudo funcionar direitinho. O roteiro é um “pitel” (seu avô, que provavelmente lia Capitão Marvel, usava essa palavra) de tão redondo e ainda sobra espaço para relacionar Thunderworld com as outras edições de The Multiversity. Perfeição.

A arte de Cameron Stewart nessas 40 páginas é um prazer inenarrável. Quadros clássicos, traço clássico, caracterização clássica, enquadramento clássico, quebra paus clássicos. Quer mais? Onomatopeias clássicas, uniformes clássicos e sorrisos… Temos SORRISOS em histórias em quadrinhos, gente! Isso ainda existe! Isso ainda é possível. Stewart é impecável e não haveria como desenhar esta história que não fosse nesse estilo. A família Marvel é linda, os vilões (Sim! É uma galeria!) são magníficos, a Rocha da Eternidade é mística e misteriosa e Fawcett City VIVE! Perfeição.

Thunderworld Adventures é um tributo mais do que justo ao Universo Fawcett. E não precisou de mais de 34 páginas pra isso. O roteiro é imbecil, genial, sincero e apaixonante até a alma. A arte é linda e tão clássica que cheira a mofo, pó, ácaro e este é aquele tipo de história que te faz querer ler para sempre. Zero cinismo, zero complicação e 100% de diversão. O Universo Fawcett é o mais vivo e elétrico das 52 Terras até o momento e The Multiversity é Grant Morrison e a DC Comics na sua melhor forma.

Por Igor Tavares
Fonte: Proibido Ler