No geral, as graphic novels que
compõem a coleção oficial Marvel não decepcionam. Quase todas são clássicos que
todo fã da Casa das Ideias provavelmente irá ler com entusiasmo. Quase. São
poucos, mas alguns dos volumes se mostram enfadonhos e custam a terminar,
arrastando o leitor para o sono ou para outra coisa mais interessante. A Marvel completou
75 anos e tem material de sobra para compor uma coleção como esta, programada
para ter, inicialmente, 60 volumes. Porém, é muito difícil que todas as edições
agradem todos os leitores, não apenas por questão de gosto pessoal, mas pelo
nível das histórias apresentadas, que pode variar bastante.
Com esta edição do Quarteto Fantástico, a coleção inicia sua segunda metade, e até aqui, poucos leitores devem reclamar da seleção de histórias, já que tivemos muitas histórias de primeira, daquelas que fazem a gente se remexer no sofá (ou banco, cadeira, cama, gramado...) de empolgação pela leitura ou releitura. E ainda há o habitual material adicional ao final de cada edição, para situar o leitor e contar um pouco sobre os autores e o processo de criação do arco ou saga em questão.
Mas, como sugere o início deste review, nem tudo fica às mil maravilhas. Algumas escolhas para as histórias que compõem a Coleção Oficial de Graphic Novels Marvel são duvidosas e difíceis de engolir. Não há como não pensar que certas seleções só aconteceram por descuido, por camaradagem ou por puro preciosismo de quem adora aquela história que ninguém mais gosta.
O Quarteto Fantástico foi uma das primeiras equipes da Marvel, quando esta abandonou seu antigo nome, Timely Comics, e passou a usar o atual, com o qual todo mundo está acostumado. Portanto, pela idade do grupo, que sempre esteve na ativa, é de se supor que haja diversas histórias relevantes. E nós sabemos que há. A fase de John Byrne, na década de 1980, é somente um dos exemplos. Sendo assim, fico me perguntando o que motivou a publicação deste arco O Fim. É uma história que se passa numa realidade alternativa, mas isso não é problema, já que muitos clássicos surgiram a partir desta premissa. O problema é que ela não faz jus às aventuras vividas pelo Quarteto, com um roteiro fraco, entediante e que reúne dezenas e dezenas de personagens apenas para fazer volume. Ou seja, é um roteiro que não se sustenta sozinho.
Alan Davis é um mestre, sem dúvida. Porém, até ele não estava em seus melhores dias quando da criação deste arco. Muitas cenas ficaram incômodas, com elementos excessivos, composição confusa e cores exageradas. Chega a lembrar algumas coisas da Image dos anos 1990, e isso nem de longe pode ser entendido como elogio.
Após o grande confronto final com o Dr. Destino, os filhos de Reed e Sue Richards são mortos, o que leva à dissolução do Quarteto Fantástico. Após uma guerra envolvendo diversos planetas, e um subsequente tratado de paz, cada um dos quatro membros vai para um canto, e a relação deles praticamente acaba. Porém, Sue acredita que seus filhos podem estar vivos, e começa uma verdadeira peregrinação para tentar trazê-los de volta.
Um enredo simples mergulhado em artifícios de segunda categoria para prender o leitor. Não mais do que isso.
Quarteto Fantástico - O Fim (Coleção Oficial de Graphic Novels Marvel Vol. 48) - 160 páginas - formato 17 x 26 cm - R$ 32,90 - lançado em outubro de 2014 – Editora Salvat do Brasil (coleção prevista para ter 60 volumes).
Por Leonardo Porto Passos
Fonte: HQ Maniacs
Fonte: HQ Maniacs
2 Comentários
gosto do Alan Davis por causa do Excalibur(histórias do grupo britânico na revista do Wolvi-editora Abril)! se houve excessividade no Davis é por que ele está além do Fim do Quarteto!! Marcos Punch.
ResponderExcluirCheguei a ter essa fase do Excalibur, mas não li. Ouvi dizer que é muito boa.
ExcluirEsse encadernado do Quarteto eu gostei, explorar bem a mitologia do grupo e do universo Marvel no geral. Vale a pena.