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Colaboradores do Planeta: A Gênese de um Monstro

O Monstro do Pântano têm recebido boa atenção da Panini e dos leitores brasileiros com lançamentos contínuos pelos Novos 52 e pela fase de Alan Moore. Por isso, nosso colaborador Giulianno de Lima Liberalli viajou até os pântanos do Bayou na Luisiana para desvendar todos os mistérios desse personagem.


Em julho de 2015 o Monstro do Pântano completa 44 anos de criação, o Elemental do Verde criado por Len Wein e Berni Wrightson é um dos personagens mais interessantes e mais complexos do universo DC. Seu poder de controlar e estar conectado a biosfera vegetal do planeta o leva ao nível de um deus, capaz de fazer frente aos maiores pesos pesados da editora, ele já enfrentou a fúria de um doente e descontrolado Superman, infectado por um parasita extraterrestre o Homem de Aço buscou os pântanos para morrer, mas foi ajudado e salvo pelo Monstro em uma clássica história que apareceu recentemente no especial da Panini ‘O Que Aconteceu Ao Homem de Aço?’, nada que tenha moléculas vegetais escapa ao seu controle e quase tudo no planeta tem, até nós.

Sua identidade mais conhecida é o cientista Alec Holland, que sofreu um atentado por não querer vender os segredos de sua fórmula biorrestauradora para um cartel criminoso, atingido pela explosão do laboratório, seu corpo em chamas caiu no pântano e, aliado aos efeitos de sua fórmula, sua consciência se uniu a uma forma vegetal, trazendo-o de volta a vida preso em um corpo super poderoso e a lenda do Monstro teve início. Mas, por que é a ‘identidade mais conhecida’? Porque, conforme vimos durante sua evolução, o Monstro do Pântano é a entidade que representa o poder do verde no planeta e já teve vários homens ligados a ela, o mais famoso é Alec Holland. E pensar que tudo isso começou com um simples conto de horror e vingança. 


Len Wein é uma lenda dos quadrinhos, escritor consagrado das HQs que criou, além do Monstro, o nosso idolatrado mutante canadense Wolverine e foi o responsável, juntamente com Dave Cockrum, pela recriação dos X-Men com a formação clássica mais famosa da equipe: Tempestade, Noturno, Colossus, Pássaro Trovejante e Wolverine para a Giant Size X-Men de 1975. Porém, na época em que criou o Monstro do Pântano, o cenário era outro. Sua carreira estava relativamente no início, com pouco mais de dois anos de trabalho na indústria e foi quando, durante uma viagem de trem, concebeu uma história de amor, horror e vingança a ser protagonizada por um monstro com passado trágico. Apresentou o roteiro a Joe Orlando, editor da DC, que gostou da ideia, mas precisava de um artista para dar forma a criatura. Em uma conversa informal, Len Wein contou seu projeto a Bernie Wrightson, como precisava de um talento para desenhá-la e ele topou embarcar no projeto. Foi assim que na edição 92 de The House of Secrets de julho de 1971 estreou a história de Alex Olsen e como veio a se tornar o Monstro do Pântano.

Em uma história curta de oito páginas somos apresentados ao cientista Alex Olsen, não Alec Holland, sua
esposa Linda e seu amigo e companheiro de trabalho, Damian Ridge. A história começa com o Monstro vagando pelos pântanos, sua ex-esposa agora casada com Damian e tentando entender sua condição, somos transportados em flashback para a comemoração do aniversário de casamento do cientista Alex e sua esposa, observados por um invejoso Damian que havia bolado um acidente sinistro para tirar seu amigo do caminho e poder ficar com sua mulher. A explosão no laboratório atinge o cientista, Damian informa a Linda que Alex havia morrido, porém era mentira, Damian carregou o corpo queimado de Alex para o pântano e lá o enterrou, pouco tempo depois o Monstro se ergueu e começou a vagar pelos pântanos, assolado pelas lembranças de sua vida perdida enquanto se dirige para sua antiga casa bem a tempo de impedir que sua amada seja assassinada e se vingar do seu assassino. Totalmente desfigurado, coberto de musgos e plantas, o Monstro não pode ser reconhecido pela sua amada e não tem outra saída a não ser retornar para o pântano e para o esquecimento, após salvar Linda e se vingar de Damian.

Fosse pelo fundo emocionante da história da consciência do homem presa no corpo do monstro ou pelo enredo envolvente da história, a edição foi um sucesso de vendas, originalmente concebida para ser simplesmente um conto fechado, a história do Monstro agradou em cheio aos leitores e a redação foi inundada por cartas e mais cartas elogiando e pedindo mais histórias da pobre criatura dos pântanos. Len Wein e Bernie Wrightson foram chamados para dar continuidade ao Monstro do Pântano, dessa vez em uma publicação regular e bimestral. De início recusaram as ofertas por acreditarem que o enredo funcionou muito bem na forma daquele conto único, mas o apelo continuava. Ocorreu a Len que nada impediria que a maldição do pântano recaísse sobre outra pessoa e a história de Alex Olsen não precisaria ser retomada. Após convencer Bernie com seus argumentos, o Monstro retornou, agora era Alec Holland e com algumas mudanças sutis, uma nova origem para o Monstro foi
criada e em novembro de 1972 o Monstro do Pântano estreava seu título próprio. A semelhança com a origem anterior foi mantida, Alec Holland também é um cientista, ele e sua esposa Linda trabalham em um projeto revolucionário que visa eliminar a fome da face da Terra trazendo fertilidade a campos desérticos, escondidos em um celeiro no pântano da Luisiana e sob a vigilância do tenente Matt Cable. Mesmo assim, são encontrados e forçados a vender sua experiência, Alec recusa, é atacado e deixado ferido a mercê de uma bomba no laboratório, ele tenta impedir a explosão, mas falha e é atingido. Seu corpo corre para o pântano em chamas coberto de sua fórmula e afunda no lodo. Considerado morto, o seu trabalho continua pelas mãos de sua esposa, Alec retorna na forma do Monstro, só que tarde demais, porque o cartel retorna e mata sua esposa, só deixando a vingança para a criatura.

Assim tem início as aventuras do Monstro do Pântano, logo em seguida a esses acontecimentos, Alec é capturado por criaturas estranhas criadas por aquele que viria a se tornar o seu maior inimigo: Anton Arcane, um misto de cientista e mago ligado as artes negras, cujo interesse era se apoderar do corpo poderoso do Monstro em troca do seu, já velho e decrépito.

Cable, inconformado com a morte do casal de cientistas sob a sua proteção, acredita que a criatura foi responsável por tudo e passa a persegui-la, seguindo os monstros que capturaram Alec até uma pequena cidade no Mediterrâneo, ele conhece Abigail Arcane, que viria a se tornar sua esposa e, mais tarde, o grande amor da vida do Monstro do Pântano. Após derrotar Arcane, o Monstro, Matt e Abigail retornam para os Estados Unidos, só que não viajam juntos, porém suas vidas sempre se cruzaram. Seguindo os passos do cartel que assassinou Alec e Linda, o Monstro chega até a Gotham aonde tem um breve confronto com o Batman. Alguns detalhes diferenciam as origens, dessa vez o Monstro tem um corpo mais próximo a forma humana e pode falar muito pouco no início, resumido a algumas poucas palavras até o seu modo pausado de falar que ficou famoso na fase de Alan Moore. Mesmo com esse novo início promissor das suas aventuras, o nível das histórias caiu gradualmente, alguns números depois Bernie Wrightson deixou o título, depois Len Wein também se afastou e sucederam tentativas ruins para tentar salvar as vendas da revista, chegando a misturar o Monstro com aliens, elementos fantasiosos e até parentes nunca antes citados de Alec Holland apareceram. Não foi o suficiente, no entanto um filme de 1982 dirigido por Wes Craven sobre o Monstro do Pântano foi lançado e o interesse reacendeu, Martin Pasko foi o escritor chamado para a revista e com a chegada dos desenhistas Stephen Bissette e John Totleben a saga foi retomada, porém os argumentos de Pasko não estavam agradando, um certo escritor de nome Alan Moore assumiu o título e deu início a virada definitiva da vida do Monstro do Pântano, foi o começo da Saga que redefiniu todo o conceito do personagem, mas isso vai ficar para a continuação desse artigo.


 “Agora é só o pântano que me acolhe, só o pântano que se importa comigo... Pudessem lágrimas vir... Elas viriam!” – Alex Olsen  

Por Giulianno de Lima Liberalli

Colaborador do Planeta Marvel/DC

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7 Comentários

  1. Monstro do Pântano tem um sentimentalismo desigual. O final dessa primeira estória sempre me comove.

    Pudessem lágrimas vir... Elas viriam!

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    1. Douglas, concordo totalmente, as histórias do Monstro tem um fundo dramático que sempre me comoveu também e poucos souberam usar isso como Len Wein e Alan Moore. Abraços!

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    2. "Pudessem lágrimas vir... Elas viriam!", como diria o filósofo Velinha (2 Coelhos) sobre a sua frase: "Cê é valente? Cê é valente, negão?"

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  2. Esse artigo me fez lembrar que o Monstro do Pântano sempre teve forças no Brasil, o suficiente para ter uma revista própria. Desde os formatinhos da Abril até os encadernados de sua fase atual nos Novos 52, além de fases clássicas como "Raízes" e a fase de Alan Moore. Poucos personagens tiveram um tratamento assim, mas o Monstro do Pântano merece.

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    1. Sim, Roger, com certeza ele merece e essa atenção no Brasil sempre me foi uma grata surpresa. Abraços!

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  3. Pena que a obra não é tratada como deveria. Ser publicada como está sendo é difícil de engolir, pois outras estórias com relevância menor ganha uma roupagem melhor. O jeito é esperar um dia alguém dar ouvido aos leitores.

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    1. Verdade, Paul. Também acho que o material dele merecia uma atenção melhor, vide o segundo volume de Raízes, que tem esse clássico encontro do Batman com o Monstro, até hoje não apareceu e nem tenho mais esperanças que venha a surgir. Eu vi uma entrevista com o Levi Trindade aonde ele explica que todas as decisões de publicação da Panini Brasil tem que passar por aprovação da matriz na Itália e nem sempre a Itália aprova algumas idéias da filial brasileira devido a tendências de mercado, aí que nós perdemos a qualidade de algumas publicações, mas em algumas vezes saímos ganhando. Por mim, a Saga do Monstro seria em capa dura com qualidade. Abraços e obrigado pelo comentário, volte mais vezes.

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