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Opinião do Planeta: Review de Vingadores: Ultimato


Enviado pelo nosso colaborador Jorge Luis

O objetivo da coluna “Opinião do Planeta” é dar a oportunidade de expressar opiniões pessoais sobre qualquer assunto relacionado ao universo Marvel ou DC. Algumas vezes reflete a opinião de todos os colaboradores, outras vezes não. Mas valorizamos todas as opiniões, sempre com Sinceridade e Respeito. Dessa vez, nosso colaborador Jorge Luis, assim como a maioria da população mundial já fez, também assistiu Vingadores: Ultimato e decidiu compartilhar com os leitores do Planeta suas observações pessoais.



“Como eu já venho acumulando de vários filmes da Marvel, esse também deixou uma grande ponta de decepção, a Marvel cada vez mais está querendo agradar a juventude de hoje em prol das histórias e personagens clássicos que fizeram o sucesso da empresa. Vamos a alguns pontos do filme:

O que era o mais esperado no filme, a reversão do estalar de dedos de Thanos e a derrota do vilão interpretado por Josh Brolin decepcionou logo de cara. Afinal, não havia a menor novidade que Homem-Aranha, Pantera Negra, Doutor Estranho e Cia. iriam retornar em uma grande batalha no final do filme na única possibilidade em 14 milhões. O foco verdadeiro da superprodução, lançada de maneira predatória em 80% dos cinemas brasileiros na última semana, reside na ligação afetiva dos heróis, seja em seus elos familiares e entre eles próprios, e uma celebração de tudo conquistado até aqui, ok, isso era o esperado, mas um confronto com Thanos logo na primeira hora do filme era muito esperado e decepcionou muito, trocaram isso pela melancolia tremenda dos atores (já nem falo tanto em heróis, pois a Marvel não foi muito para esse lado).


No filme está muito claro que o que sempre importou foram os heróis-atores, enquanto os vilões estavam ali apenas para justificar as cenas de ação – exceção ao ótimo Killmonger, do filme “Pantera Negra” e, em menor escala, a Thanos em “Guerra Infinita“. Não à toa que “Soldado Invernal” (Capitão e Bucky), “Guerra Civil” (Capitão e Homem de Ferro) e “Guardiões da Galáxia“, justamente produções que tinham o seu forte nas relações entre os protagonistas, sejam os destaques dos filmes até essa jornada. “Vingadores: Ultimato” segue a cartilha e, mesmo sem atingir brilhantismo nestas conexões como deveria, consegue realizá-los de maneira satisfatória.

Os conflitos internos na primeira hora do filme foram até enfadonhos demais. A fragilidade de Tony (Robert Downey Jr), a impotência de Viúva Negra (Scarlett Johansson), a melancolia do Capitão América (Chris Evans) e a raiva do Gavião Arqueiro (Jeremy Renner) demonstram as marcas causadas pela perda de pessoas que amavam. Lidar com o fracasso coloca em perspectiva os fantasmas que cada um daqueles heróis possui sobre suas próprias vidas, sendo a viagem no tempo não apenas uma forma de solucionar o problema causado por Thanos, mas, também uma forma de reencontrar a essência de cada um deles. Por isso, tão singelo se torna ver Tony com o pai, Thor com a mãe e Steve observando a amada. Com isso a tão falada Capitã Marvel ficou relegada a poucas e decepcionantes cenas, já que deveria ser o foco principal no confronto contra Thanos.


Ficou claro que o filme “Ultimato” foi uma celebração aos seus 21 filmes anteriores, passeando por momentos clássicos da franquia com destaque maior, claro, para a icônica cena da câmera girando ao redor dos heróis no primeiro “Vingadores”.

Não poderiam faltar também as grandes estrelas que um dia passaram pelos filmes do estúdio e deram prestígio ao universo de HQs nos cinemas como Tilda Swinton, Robert Redford, Michael Douglas, John Slattery e Rene Russo (não conto Natalie Portman pelo simples fato de ser uma aparição ridícula de alguém que parece ter sido obrigada a gravar para não pagar multa contratual).

Para completar a alegria dos fãs, há ainda Stan Lee, Tom Hiddleston de volta como Loki e a inteligente referência ao polêmico "‘Hail Hydra" do Capitão América visto nos quadrinhos, agora, com uma nova perspectiva. Mas aí reside uma das grandes decepções, cadê a última e principal homenagem aquele que foi o ícone da empresa?

O roteiro de Christopher Markus e Stephen McFeely (ambos de “Guerra Infinita”) abusa da boa vontade do espectador, chegando a ser muito pobre. Somente no início do filme tivemos duas cenas mais impactantes ou engraçadas, a Capitã Marvel salvando o Homem de Ferro no último dia de oxigênio na nave e a saída do Homem-Formiga do Reino Quântico. Aliás, a justificativa da distância da personagem de Brie Larson em meio ao caos com Thanos em Wakanda não convence ninguém.


O humor presente na primeira parte do filme não encaixa com o estado emocional dos personagens e tira o peso dramático que vemos em cena. Pode até funcionar com Thor (Chris Hemsworth) pela desconstrução da imagem do Deus do Trovão, mas, por outro lado, transforma Hulk (Mark Ruffalo) em um bobão sem grande importância. Aliás, não bastava estragar o Hulk no Guerra Infinita, aproveitaram para fazer o mesmo com aquele Thor gordo, lerdo e preguiçoso. Uma lástima.

Chama a atenção como os roteiristas Markus e McFeely são esquemáticos por diversas vezes, especialmente, com o Capitão América, quase um narrador da história em diversos momentos. O uso é tão excessivo que há uma espécie de mea-culpa dos roteiristas na hora em que o personagem de Chris Evans é sacaneado pela forma como se expressa.


Apesar de permitir divertidos momentos de um novo significado do que fora visto em filmes anteriores, a proposta da viagem no tempo é jogada sem grande criatividade, sendo explicada até com certa preguiça ao fazer referência a outros longas de sci-fi com o intuito de uma gracinha a mais. Fechando a parte do roteiro, é decepcionante ver Thanos cair na clássica armadilha dos vilões de destruir a humanidade.

Chega a ser uma sabotagem ao ótimo plano construído por ele em “Guerra Infinita” e até mesmo a habilidade para antecipar a estratégia dos heróis em “Ultimato”, culminando no ato final. Transforma-se em um antagonista trivial e que, no fim das contas, revela-se até inofensivo por não causar diretamente a morte de ninguém de peso como era esperado.

Decepciona também a pobreza de Anthony e Joe Russo na criação das cenas de ação: não que elas não sejam competentes e bem feitas, mas, espera-se mais para um filme tão aguardado. A batalha final recorda “O Senhor dos Anéis – O Retorno do Rei” com aquelas panorâmicas aéreas e na altura dos personagens com o por do sol ao fundo e até “Aquaman” quando vemos trocentos seres de todos os tipos indo um de encontro ao outro, além de chegar ao ponto de se restringir a uma busca de gato e rato da Manopla do Infinito.


A exceção foram as cenas com o Ronin/Gavião Arqueiro no Japão, o resto apenas é transformar o impacto de uma porrada em algo sobre-humano através de uma boa mixagem de som e montagem eficiente. Nada que não tenhamos visto em produções do gênero recentemente.

Aliás, como a montagem de “Vingadores: Ultimato” decepciona. Os roteiristas parecem perdidos com tantas linhas narrativas, não conseguindo dar o dinamismo necessário entre cada trecho. A tensão se dá mais pelo conhecimento prévio que temos da história, dos significados das ações e do nosso carinho pelos personagens do que por uma organização coesa do que está sendo exibido. A morte da Viúva Negra já demonstrou isso, e ficou ainda mais claro a intenção da Marvel em trazer as histórias atuais em prol das mais clássicas e importantes de sua história.

Se não é possível passar a borracha e esquecer estes problemas, “Vingadores: Ultimato”, pelo menos, presta uma justa homenagem ao pilar fundamental destes 11 anos: Robert Downey Jr. Mesmo com tanta gente em cena, efeitos especiais incríveis e gracinhas a todo momento, nada é mais importante e forte do que o Homem de Ferro em cena. E Tony Stark nunca esteve tão frágil: magro e sem forças, ele sintetiza a tragédia ao lamentar ter previsto o que viria em “A Era de Ultron” e não conseguir impedir. Logo ele, tão egocêntrico e dono do mundo, aí já demonstra como estão fugindo dos gibis e querendo inventar um universo próprio. Para piorar, o fantasma da morte em seus braços do pupilo Peter Parker, ainda o assombra. O roteiro foge completamente dos gibis ao mostrar o drama do personagem com a filha (?) e Pepper/Resgate (Gwyneth Paltrow) cinco anos após o estalo de dedo (outra decepção, no máximo era para ter ocorrido uns 5 meses) e diante da possibilidade de reverter tudo o que ocorreu, tendo uma difícil, mas, previsível decisão a ser feita.


O trágico desfecho com a morte do Homem de Ferro (mais uma referência aos gibis atuais) após salvar o mundo pode até ser um choque e deixe um saldo final de tristeza para o público de “Vingadores: Ultimato”, mas, representa uma clara intenção da Marvel em não querer outro ator como Homem de Ferro. A liderança alcançada por Downey Jr dentro da franquia era tão gigantesca que jogava sombra em relação a tudo o que o rodeava – Homem-Aranha que o diga.

A destacar a entrada triunfal do Pantera Negra e a decepcionante sumida da Capitã Marvel, já que tentaram transformar ela no Superman da Marvel. Sem contar que ignoraram um dos principais heróis desses 22 filmes, o Doutor Estranho. Por fim, a passagem de bastão do Capitão América para o Falcão América, então imagina a minha enorme decepção com esse final. Ou seja, esquecer totalmente as histórias antigas e aguardar somente os últimos 10 anos de Marvel, já que não temos mais Capitão América, nem Homem de Ferro, nem Viúva Negra, nem Capitão Mar-Vell, muito menos Thanos e por aí vai.

Então é isso, Guerra Infinita foi o último grande filme da Marvel e agora vou me apegar mais aos filmes solos (torcendo que não sejam outros Capitãs Marvel daqui para a frente, e sim Doutores Estranhos e Panteras Negras)".