Semana passada, um de meus parceiros blogueiros, o Ozymandias Realista publicou a primeira parte de duas, contando um pouco de sua história nesse mundo informatizado. O Planeta gostaria de prestar uma pequena contribuição e compartilhar esse artigo com seus fiéis leitores.
2009 – PRIMEIROS PASSOS NO ORKUT
A internet ainda é uma coisa do
futuro para mim, e eu dividia meu tempo nela entre comunidades do Orkut e um
blog que havia sido feito a pouco tempo... Um blog de scans chamado Actions
& Comics, gerenciado por um certo Titio Ultimate... Eu
frequentava assiduamente a extinta comunidade da Marvel Millenium
Homem-Aranha, lá conheci caras como o Ítalo Azul, Arth Silva e
o Gus. Também é válido mencionar que comecei a colecionar
scans naquela época, e não, não parei de comprar bastante material impresso
como reza o mito, pelo contrário. Na comunidade, vez ou outra em sempre
arriscava um tópico, eles obtinham poucas respostas, isso quando não eram
ignorados, minha escrita confusa, bem como se tratar de algum “garotinho”
contribuíam para isso. Naquele tempo eu ainda não sonhava que um símbolo é mais
forte que apenas um nome...
2010 – ILUSTRANDO E RECRUTANDO
Meus desenhos eram sempre motivo de
piada, e merecidamente. Tudo era mal feito, desde traço irregular, luz e sombra
que nem existia à falta de simetria em tudo. E não, eu não era nenhum Bill Sienkiewicz incompreendido, eu apenas era ruim e me
recusava a aprender mais. Resolvi naquele tempo dedicar todas as minhas
madrugadas a ir aprendendo, e o mais engraçado é que foi com uma revista de
mangá, um estilo que até hoje não gosto. Aprendidos os truques iniciais, fui
pro famoso processo de observar e aprender com os artistas que eu gostava,
naquele tempo, dois eram imbatíveis para mim: Mark Bagley desenhando Ultimate
Spiderman e Adam Kubert desenhando Ultimate X-Men. E claro, hoje tem muito
esperto por ai que zomba do trabalho de ambos, mas ainda são grandes pra mim
até hoje, embora um traço mais realista como do Esad Ribic ou Brian Bolland me
agradem mais. Esse ano foi dedicado a “caçar” pessoas pelo msn para formar uma
“equipe” para um Fanzine que eu tive sonho em lançar. No final, fiz 80% do
trabalho, que incluiu desenhar, colorir, colocar letras, upar, criar comunidade
e sei lá mais o que (80 membros em um mês, quem diria). Como 90% dos Fanzines
nesse país, não passou do primeiro número. Pode baixar ela AQUI.
2011 – 2012 – DC (Literalmente)
Depois de toda essa jornada de Faetonte,
resolvi dar uma pausa naquilo tudo, mas logo me vi voltando, só que algo menos
ambicioso, me juntei a uns caras que faziam fanfics, chamados DC Ultimate. Primeiro
passei meses na equipe, só que como turista, mas para conversar com outros
caras que gostavam de HQs, mesmo nesse tempo eu não lendo nada da DC, exceto a
Vertigo. Cheguei a escrever o número 01 do título“Contos Sórdidos de John
Constantine”,e fiz até uma capa para isso, algo inédito lá. Mas também não
passei do primeiro número. Logo eles tiraram o conto do ar, e infelizmente
também foram desanimando e a equipe veio parar em 2012. Nesse tempo, tinha
indicado o Sr. Ítalo Azul e o Daniel Násser para
lá. Ambos saíram antes de mim, o Sr. Ítalo por um desentendimento criativo que
teve com o editor que ao certo não entendi até hoje, e o Násser por ter
desistido de blogs nesse tempo. Nesse tempo, o Násser tinha um livro lançado, o
qual me enviou, e milagrosamente eu li até o final. Era uma história semelhante
a Liga Extraordinária do Moore, só que em solo brasileiro e com outros
personagens. Um detalhe é que ele não tinha lido a obra do Moore. Pela minha
descrição, pode parecer “tosco”, mas achei interessante, e só devo ter lido uns
dez livros até o final na vida.
Também tive um blog, que não deve
ser chegado a 1000 acessos, chamado “O Que é Isso Aqui?”, algo
totalmente descartável, que tirei do ar no ano passado.
2013 – UM COMENTARISTA
Ano ativo de discursões na internet.
Antes eu era bem imprudente, chegava xingando e tudo, com o tempo fui
aprendendo a me comportar feito “hominho” e conversar civilizadamente com
pessoas cujo ponto de vista diferiam do meu. Uma hora a gente tem que crescer,
haw haw. Tinha começado desde 2012 a ler algumas coisas da DC, em especial o
Batman, e logo o Super-Homem, dois personagens, que até então, eu detestava.
2014 – OZYMANDIAS REALISTA
Veio uma ideia. A de fazer um novo
Fanzine, e o nome “Ozymandias Realista” era dado como certo para o que eu
queria. Isso, um Fanzine sem ilustrações minhas, falando sobre quadrinhos, para
ser baixado em PDF ou CBR, no melhor estilo do extinto FARRAZINE, uma aula
do que é Fanzine para mim, bem como trinta vezes melhor do que temos hoje em
dia nas bancas sobre quadrinhos... Fui recrutando todas as pessoas que eu havia
conhecido ligado a esse “meio”. Os caras do DC Ultimate disseram que não daria
certo um PDF. Que hoje em dia não era como antes, que hoje as pessoas só querem
ler coisas rápidas e online e decidiram não participar. Todas as opções se
foram, mas restava alguém, um sujeito cujo conhecimento sobre quadrinhos dão um
banho no meu: Ítalo Azul. Ele disse que aceitaria participar, mas um PDF não
daria certo, disse que um blog sim.
O blog foi posto no ar, e o primeiro
post de introdução foi escrito pelo Ítalo, meu texto preferido dele até hoje,
por sinal, é com ele que eu gostaria de terminar essa primeira parte:
"Inútil"
E um dia como outro qualquer estou
lá eu, no meu trabalho durante o horário de almoço sentado com meu caderno na
mão, escrevendo, como sempre. Nisso me chega um cidadão e me pergunta “O que é
isso?”. “Ah, eu estou escrevendo uma coisa aqui para postar no meu blog”. “Você
tem um blog, é?”. “Sim, tenho”. “Legal. Sobre o quê?”. “Ficção”. “Legal. Para
que serve isso?”.
Olha aí. Essa é boa. É de se parar
para pensar, não é? Para que serve? Então vejamos. Oscar Wilde, lacônico, nos
afirma apenas que a arte é inútil. E é, não é? Desdenha ele do próprio trabalho
e dos seus colegas? Entendo eu que não é por aí. A arte é inútil porque é tudo
aquilo que não está na base da pirâmide, é aquilo que não é o essencial para a
sobrevivência da carne, ela é o que ultrapassa, que transcende, que vai além.
Ela é o algo mais. Algo. Indefinido. Você não vê com os olhos e não pega com a
mão, mas atinge em cheio o seu coração, faz um estrago nos seus miolos, te faz
parar para pensar, te leva a sentir. Algo. Não sendo apenas “útil”, não tendo
uma função reservada naquela base da pirâmide, não atinge a todos por igual e a
alguns sequer atinge, possuindo nós diferentes graus de percepção e
sensibilidade. E esse é o legal da coisa. Porque a arte é pra quem gosta. Arte
é pra quem entende.
E temos a ficção. A tradição humana
de se ouvir e contar histórias é mais antiga do que se é possível datar,
originando-se ainda no período das cavernas, onde ao cair da noite a tribo se
reunia em volta da fogueira para partilhar a carne fruto da caçada do dia, e
entre uma mordida e outra alguém contava o que havia acontecido hoje com o
fulano ou o ciclano. No princípio essas histórias eram todas meio iguais até
que um dia, em algum lugar, aconteceu algo singular e improvável com alguém.
Esse conto singular e improvável se destacou entre os outros, atraiu maior
atenção e os ouvintes chegavam a pedir para escutar a história uma segunda vez,
mesmo já conhecendo o final. Impactou quem ouvia e quem contava. Os contadores
passaram então a garimpar outros contos singulares e improváveis que prendessem
a atenção da plateia. Escasseando os já poucos acontecimentos reais
interessantes, em dado momento os contadores passaram a inventar do nada na maior
cara dura. E a plateia não se importou, só queria ouvir mais. “Era uma vez o
Superman voando pelo céu”. “Sim, sim! E aí? O que aconteceu com o Superman
depois disso?”. Nascia a arte da ficção. Não se acha na natureza outra espécie
que se dedique a essa arte. Até onde podemos afirmar, é uma coisa exclusiva de
humanos. Inútil e sem função na base da pirâmide, ainda assim essencial. A
ciência ainda não consegue explicar o como nem o porque, mas precisamos de
ficção. Como de água, como de alimento, como de oxigênio. Nós, humanos, temos
necessidade de ouvir e de contar histórias. De Ficção. De Arte.
O Ozymandias Realista é um espaço
para isso. Parafraseando Clarice Lispector afirmo que não queremos fórmulas
certas porque o objetivo não é acertar sempre. É o nosso laboratório, faremos
experiências aqui, algumas vezes acertando de primeira e outras vendo as
substâncias sob o cateter entrando em combustão inesperada, voando pelos ares e
manchando as paredes. Nesse segundo caso limparemos nossa placa de Petri e
recomeçaremos do zero. Vai ser uma viagem interessante. Seja muito bem vindo à
bordo.
- Ítalo Azul –
Até a parte II.
Por Ozymandias Realista
1 Comentários
Em primeiro lugar, dou os parabéns pela iniciativa de nos contar essa trajetória, é muito bom para, aqueles que pensam em encarar uma luta dessas, saber como tem pedras no caminho e, em segundo, parabéns pela coragem de assumir um sonho, lutar por ele e seguir em frente, sabendo que, para atingir suas metas, também precisa se adaptar ao ambiente em que vive, para conhecê-lo e superá-lo. Como está no texto, uma das coisas mais difíceis a encarar são os comentários, pessoas de vontade fraca desistem quando recebem primeiras críticas negativas, sem entender que as críticas negativas são as construtivas, aquelas que, quando temos coragem de encarar, nos apontam os erros e aonde devemos melhorar, tudo o mais é força de vontade de encarar uma missão e seguir até o final para realizar, sabendo que os riscos são altos, mas as recompensas também poderão ser. A internet, apesar de estar entre nós a bastante tempo, ainda é um terreno vasto a ser explorado e dominado, e é uma missão para os determinados. Àqueles que tem a coragem de firmar o seu lugar nela, como o Ozymandias e o Roger, meus parabéns!
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