O escritor Gerry Conway,
co-criador de personagens como o Nuclear, Vibro, Nevasca e Justiceiro,
postou um texto em seu blog ontem denunciando o uso, pela DC Entertainment,
de brechas contratuais que a permite deixar de pagar valores relativos a
royalties aos criadores pelo uso de personagens em outras mídias. Segundo o
autor, o programa de participação dos criadores iniciado na metade da década de
70 passou por mudanças já na época em que a DC Comics tornou-se DC
Entertainment; a partir deste ponto seria necessário que criadores enviassem
para a DC, por escrito, uma requisição relatando terem criado os personagens.
Conway expõe o problema maior,
todavia, usando a personagem Caitlin Snow, atualmente uma personagem
secundária no seriado do Flash:
Digamos que a DC concorde que você criou a personagem “Nevasca”. Em sua
encarnação original, ela tinha a identidade secreta de Crystal Frost. Mais
tarde, uma nova Nevasca viria a aparecer nos Novos 52, desta vez com a
identidade secreta de Caitlin Snow. Você ficará feliz em saber (espero) que a
DC concorda que eu e Al Migrom somos os criadores de todas as encarnações da
personagem Nevasca. E, pela mesma lógica que faz da Power Girl uma personagem
derivada, Al e eu também devemos ser os criadores de sua nova identidade
secreta, Caitlin Snow. Não somos. A DC insiste que não somos, e concordo com
ela. Caitlin Snow foi criada por Sterling Gates e Derlis Santacruz. Exceto que,
de acordo com a DC Entertainment, ela é uma personagem derivada da Nevasca
original. Que, de acordo com a DC Entertainment, eu e Al não criamos. Ninguém a
criou.
Dessa forma, nenhum criador recebe
crédito ou participação pela criação da personagem, e o mesmo preceito pode ser
aplicado para uma grande parte do catálogo da DC, sendo a Poderosa, Jason
Todd, Superboy e o próprio Barry Allen alguns dos exemplos
que ele coloca.
Vale lembrar que, juridicamente, a
lei estadunidense considera personagens derivados como criações únicas;
jurisprudência estabelecida na década de 1940, quando um tribunal
decidiu a favor de Jerry Siegel e Joe Shuster contra a DC
(então National Periodical) por infração de copyright pelo uso do Superboy.
Antes da reestruturação da DC,
segundo relatos de diversos criadores como Mark Waid, Kurt Busiek e o
próprio Gerry Conway, o programa de participação era supervisionado
pessoalmente por Paul Levitz, que se incumbia de avisar aos criadores
quando um personagem entraria no programa além de pagar bônus não-contratuais,
de forma caso a caso, por elementos ou conceitos de histórias usados em outras
mídias.
Embora visto com melhores olhos
pelos criadores, o crédito era ainda assim distribuído de maneira inconstante.
Numa conversa no twitter, também ontem, entre Ron Marz, Kurt Busiek e Erik
Larsen, foi revelado que enquanto James Robinson recebe o crédito
pela criação de Jack Knight – mas não do super-herói Starman –
Ron Marz não o recebe pela criação de Kyle Rayner. Já Mark Waid era creditado
pela criação de Bart Allen, o Impulso, mas deixou de ser quando este mudou
sua idêntica heroica para Kid Flash.
Fonte: Terra Zero
2 Comentários
Complicado isso,heim?
ResponderExcluirPs:Eu achava que quando os autores criam personagens enquanto trabalham para uma editora os personagens passavam a ser propriedade dessa editora.
Eu até entendi a postura da Dc mas acho que deu uma de malandra.
Eu nem imaginava que era assim. Será que a Marvel tem uma política parecida?
ExcluirNa DC a situação talvez seja mais complicada ainda, porque eles tem essa questão de legado.